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9 de Julho: quando os paulistas comemoram uma derrota
Revolução de 1932 – A Revolução Constitucionalista de 1932 marcou a insurgência do povo paulista contra o resto do país e buscava a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas e a promulgação de uma nova Constituição. Os paulistas nunca engoliram Getúlio Vargas na destruição da política do café paulista com o leite mineiro em 1930. E com isto, o nome de Getúlio
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13 de maio
13 de maio – Os primeiros trezes de maio que lembro, em mistura aos goles do café, me vêm do Ginásio Ipiranga na infância. Olho para o lado agora como se nada visse, assim como os colegas negros em 1961 olhavam de lado, ou baixavam os olhos, ao ouvirem a lição lida em voz alta no livro didático: “ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO – A
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Dom Hélder Câmara e o Brasil hoje
Imagino Dom Helder Câmara no país destes dias sombrios, hipócritas, de bancada da Bíblia e fundamentalistas. E não é preciso muito imaginar, porque ele já nos respondeu em uma crônica para o rádio em 28 de janeiro de 1977. Da fala e texto, destaco: “É impressionante como é fácil parecer bom e como é difícil ser justo. Mas Justiça, para muitos, tornou-se uma
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As pautas e os ecos de Junho de 2013
por Tatiana Roque e Mariana Patrício É comum ouvirmos que os manifestantes de Junho de 2013 não tinham pautas. Teria sido uma recusa em bloco ao sistema político, abrindo caminho para a crise de representação que estamos vivendo. Claro que Junho foi muita coisa, e as análises ainda dependem da geografia dos protestos. O Rio de Janeiro, talvez pela presença importante das obras
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No enterro de Jango, o começo de uma caminhada
por Elaine Tavares Era o início de dezembro de 1976. Na pequena cidade onde vivíamos não se falava em outra coisa. Jango estava morto. A notícia se espalhou como um rastilho de pólvora, afinal, São Borja era sua terra-mãe. Em casa, o clima era de profunda tristeza. Nossa vida inteira tinha sido marcada pela presença de João Goulart. Meu pai trabalhava para ele
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50 anos da morte de Che Guevara
por Elaine Tavares Sempre que se fala em Che Guevara a primeira coisa que vem a mente é a imagem do soldado, do revolucionário. Essa era uma das facetas do Che. Mas não a única. Desde bem garoto ele inventou de andar pela América Latina, gostava de conhecer as gentes e, com elas, estabelecia vínculos de amor. Formou-se em medicina e ainda estudante
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Thomas Sankara lutou contra o fardo colonial na África
por Fernando do Valle Alto Volta, pequeno e pobre país colonizado pelos franceses, sem acesso ao mar e fronteiriço a seis países (entre eles, Mali, Níger e Costa de Marfim) sofreu em 1983 um golpe de Estado, infelizmente comum nos países africanos. Mas dessa vez quem assumiu não foi mais um corrupto ditador defensor dos interesses das antigas metrópoles. Quem passou a comandar
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Joaquim Nabuco, um profeta do Brasil
por Urariano Mota Lembro que em 2010, quando se completaram os cem anos da morte de Joaquim Nabuco, muitas reportagens foram publicadas. Em quase todas, o destaque foi para o homem liberal, o personagem ilustrado de Quincas, o belo. Nas breves menções às ideias mais radicais de Nabuco, dava-se um pulo esperto para o conceito de “homem complexo”. Copio um trecho eloquente da
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Rasputin: entre o místico e a figura histórica
Rasputin – Nascido em um vilarejo na Sibéria, Grigoriy Yefimovich Rasputin era filho de mujiques (camponeses) e já era assunto quando ainda era menino, corria à boca miúda que tinha poderes sobrenaturais. No anos finais do czarismo entre 1906 e 1916, era próximo ao casal real, o czar Nicolau II e sua esposa Alexandra Feodorvna, muitos diziam que foi amante da czarina. O
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Os 80 anos da extradição de Olga Benário
por Sergio Caldieri Os 80 anos da extradição de Olga Benário (Olga Gutmann Ben-Ario) ocorrido em 23 de setembro de 1936, foram lembrados pela sua filha Anita Leocádia Prestes, nesta quinta-feira, dia 29/9, no Salão Nobre do IFCS/UERJ, no Largo de São Francisco no Rio de Janeiro, promovido pelo Instituto Luiz Carlos Prestes. Anita Prestes fez um emocionante relato da vida de Olga
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Um gol inesquecível contra Pinochet
por Urariano Mota Entre as imagens que nos vêm a partir do 11 de setembro de 1973, do dia em que houve o golpe militar contra Salvador Allende, entre tantas imagens vivas, uma poderia ser, com razão, do presidente Allende resistindo de capacete em último recurso, com alguns fiéis militantes às portas do palácio La Moneda. Essa imagem fala de um socialista democrata,
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Sepé Tiaraju, presente!
por Elaine Tavares Rememorando os 260 anos do assassinato do cacique guarani Sepé Tiaraju, um dos grandes da história do povo originário, foi realizado em São Gabriel, no Rio Grande do Sul, o Décimo Encontro Sepé Tiaraju, que reúne a gente Guarani que vive no Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia. Foi num fevereiro de 1756 que mais de 1500 guerreiros guaranis morreram em
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O filme que o Brasil não podia ver
por Urariano Mota Meus amigos, aquela frase do personagem Corisco em Deus e o Diabo na Terra do Sol, quando ele grita: “Mais fortes são os poderes do povo”, eu posso agora adaptar para “Mais fortes são os poderes da pesquisa coletiva na internet”. A razão não é gratuita. Chegou para mim, não faz muito, a revelação de que, finalmente, o Brasil pode
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Antonio Callado vislumbrou um país mais justo com as Ligas Camponesas antes do golpe de 64
por Fernando do Valle No início dos anos 60, uma revolução social se desenhava em Pernambuco com a luta por justiça social pelas Ligas Camponesas. Milhares de camponeses se organizaram em prol da reforma agrária com a ajuda da Igreja Católica e do Partido Comunista Brasileiro e de lideranças como Francisco Julião e João Pedro Teixeira (cuja história foi contada com maestria por
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A paranoia anticomunista com 80 anos de atraso
por Fernando do Valle Quando certa paranoia anticomunista ainda provoca delírios, alguns até cômicos, com certeza esses reacionários de hoje teriam uma síncope se vivessem há 80 anos, quando duas importantes capitais (Recife e Natal) e a capital do país à época (Rio de Janeiro) foram o cenário da Revolta Comunista que tentou derrubar Getúlio Vargas em novembro de 1935. Muitos conhecem a
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Como o general Lott garantiu a posse de JK e Jango em 1955
por Fernando do Valle General Lott – Em 1955, o general Henrique Teixeira Lott, infelizmente figura política pouco lembrada da história brasileira, impediu o golpe militar que setores conservadores das Forças Armadas e lideranças da UDN armavam para impedir a posse do presidente eleito Juscelino Kubitschek e o vice João Goulart, vencedores da eleição de outubro de 1955. Os ataques virulentos do udenista
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A luta de Harriet Tubman contra a escravidão nos Estados Unidos
por Elaine Tavares Harriet Tubman – Era uma dessas desgraçadas noites de senzala no ano de 1819. Uma negra escrava, entre dores, dava à luz a uma menina. Seus dedos magros a acolheram e apertaram. Mais uma para sofrer. Mas, naquela madrugada, no pequeno condado de Dorchester, no estado de Maryland, Estados Unidos, a menina que arejava os pulmões com gritos fortes não
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A fibra da guerreira latina Juana Azurduy
por Elaine Tavares Dos muitos “causos” ouvidos sobre Juana Arzurduy, um particularmente sempre me assombrou. Na guerra de independência contra a Espanha, acuada em uma gruta, ela lutou, espada em punho, contra dúzias de soldados, para proteger as duas filhas que levava enrodilhadas ao corpo. Abriu passagem e conseguiu fugir. Só um dos feitos heroicos dessa mulher altaneira, chamada de “sol do Alto Peru”.
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Micaela Bastidas, guerreira de nuestra América
por Elaine Tavares Micaela Bastidas – Era 1745 na vastidão do Peru. Terra de incas, os filhos do sol. No povoado de Tamburco, em Abancay, departamento de Apurimac, nascia Micaela Bastidas Puyucahua, uma guria mestiça que iria marcar com sangue e coragem a história da gente peruana. O pai, Manuel, tinha sangue espanhol, mas a mãe, Josefa, era inca da gema. Esta mistura
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Fascistas, no pasarán
por Fernando do Valle Após as demonstrações explícitas de fascismo nas ruas no último dia 16, muitos internautas voltaram a utilizar a expressão “não passarão” (em espanhol, no pasarán) para rechaçar o ódio da extrema direita. Vale lembrar a origem dessa expressão. Popularizada pelos republicanos na luta contra os franquistas na Guerra Civil Espanhola (1936-1939), há indícios de que a expressão surgiu na