
Na Copa de 78, o ‘conselho’ do ditador Geisel ao artilheiro Reinaldo
Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual.
ASSISTA:
Reinaldo – O ídolo do Atlético Mineiro, Reinaldo, sempre comemorava os gols reproduzindo o gesto do movimento Panteras Negras que lutava contra o racismo nos Estados Unidos: o artilheiro erguia o braço e cerrava o punho. Convocado para a Copa de 78, em reunião antes do embarque para a Copa na Argentina, o ditador Geisel, incomodado com o misto de protesto e comemoração de Reinaldo, o ameaçou no Palácio Piratini em Porto Alegre: “quem cuida da política é a gente, você cuida de jogar futebol, deixa a política pra gente”.

O treinador Cláudio Coutinho convocou Reinaldo, de apenas 20 anos, para a seleção em 1977. A comissão técnica da Copa de 78 era composta de militares e o almirante Heleno Nunes (presidente da Confederação Brasileira de Desportos) e André Richer (chefe da delegação brasileira na Copa) diziam para Reinaldo não vibrar de tal forma e evitar comentários sobre política. Richer dizia que não era bom fazer o gesto, pois ele era “meio revolucionário”. Para piorar, a Copa foi realizada durante o assassino governo do general Jorge Videla. A ditadura militar argentina assassinou 30 mil opositores.
No primeiro jogo da Copa contra a Suécia, Reinaldo marcou o gol brasileiro (o jogo terminou em 1 a 1) e não se intimidou com as ameaças: BRAÇO EM RISTE na comemoração. Mesmo tendo marcado, Reinaldo foi substituído por Roberto Dinamite nas partidas seguintes. Além dos problemas políticos, Reinaldo também não estava 100% fisicamente. O Brasil terminou a Copa em terceiro lugar, ficando fora da final pelo saldo de gols. Essa foi a única participação do jogador em uma Copa do Mundo.
Assista ao gol e a comemoração de Reinaldo contra a Suécia em 78:

LEIA TAMBÉM “Um gol inesquecível contra Pinochet”
Anos mais tarde, Reinaldo confessou que recebeu durante a Copa um envelope com informações sobre a Operação Condor (aliança entre ditaduras sul-americanas para oprimir opositores). O envolvimento político do jogador trouxe consequências. Em entrevista à Revista Placar em 2012, Reinaldo desabafou: “o corpo fascista do país começou a me minar. Não só moralmente, mas com assédio de todo o tipo. Falavam que eu era cachaceiro, maconheiro, viado. Inventaram que eu era gay por causa da amizade com o radialista Tutti Maravilha [radialista e produtor musical]. Linchamento moral. Eu não tinha partido, sindicato, nada. Fui massacrado sozinho”.
Além disso, as lesões prejudicaram o jogador. Perseguido de forma impiedosa pelos zagueiros, Reinaldo sofreu muitas lesões, principalmente no joelho. Depois que parou de jogar, ele enfrentou problemas com a cocaína semelhante a outro ídolo rebelde dos gramados, Maradona. Na mesma entrevista, o jogador afirmou que não dava um tiro há mais de 15 anos e que não iria mais falar em drogas já que elas não faziam mais parte de sua vida.
Outro craque que envolveu-se em assuntos políticos e também comemorava seus gols evocando a mensagem dos Panteras Negras, Sócrates popularizou ainda mais o gesto nos gramados. É assim que os torcedores lembram do Magrão, que morreu em dezembro de 2011.

Fonte usada: Revista Placar
Mestre em Tecnologias da Inteligência pela PUC-SP com a dissertação “Aspectos da mídia livre como resistência digital” e jornalista (formado e pós-graduado em Jornalismo Multimídia pela PUC-SP) com mais de 25 anos de experiência. Já trabalhou nas redações do Jornal da Tarde, Agora, Caros Amigos, Shopping News, entre outras. Criou o Zonacurva em 2011 como espaço para a prática do jornalismo livre e crítico nas redes digitais.

Comments (13)
Abaixo a ditadura e o autoritarismo , conto os dias p acabar esse governo nojento de Bolsonaro .
Sentiu o que o Mauricio, Zeballos, Daniel Silveira, Allan dos Santos, e Bárbara (te atualizei), Osvaldo Eustaquio dentre outros estão sentindo agora.
#ditaduranuncamais
#DITADURANUNCAMAISforabozo
#DITADURANUNCAMAIS
Vejam o legado que estes ditadores da ditadura brasileira deixaram! Todos assassinos e mortos! Cadê a força para vencer a morte? Fiquem no inferno!
“Ditadura”:
Qualquer cidadão de bem comprava arma nas várias lojas das capitais.
“Democracia”:
O PT cassou o direito da legitima defesa armada mesmo contra a vontade da maioria expresso no plebiscito. Hoje só traficante tem a arma que quer.
“Ditadura”:
Favela era só um lugar de gente humilde. Nenhuma favela era dominada por traficante ou milícia. Quem mandava era o ESTADO.
“Democracia”:
Décadas de inversão de valores patrocinado pelas esquerdas do mito do “bandido-vítima-da-sociedade” (salve Leonel Brizola!) tornou as favelas em pequenos vietnans com grupos terroristas assassinos que dominam a vida de milhares de pessoas.
“Ditadura”:
Os vícios eram perseguidos e o corpo saudável exaltado. Maconheiro apanhava na cara no meio da rua. Não existiam cracolandias.
“Democracia”:
Maconheiro, cheirador e cracudo fumam na sua porta e você pede licença para passar.
a imbecilidade do gado lambedor de coturnos é nojenta!
Boa análise. Vejo muito mais ódio dos ditos “tolerantes” do que de quem pensa diferente deles.
Como sempre eles querendo falar o povo. Eu acho o preconceito e a prepotência de algumas “autoridades ” a coisa mais cruel que se pode usar contra o povo. Parabéns pela matéria.
obrigado, Lucia, abraço.
Eles querem nos calar . Mais nosso canto ecoa nos quatro cantos.
Que ditador bonzinho….
Valeu pelo post Fernado Valle,muito importante essa postura de nossos heróis frente ao racismo.