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Geração Z sofre com eco-ansiedade, medo da destruição ambiental

Estudos realizados pela Universidade Britânica de Bath mostram que 75% dos jovens se mostram preocupados com a questão climática

 

Nos últimos anos, a pauta ambiental tem se tornado uma causa quase unânime entre os jovens do mundo todo, principalmente para a geração Z (jovens que nasceram entre a metade da década de 90 e o início deste século). Isso torna-se visível com o protagonismo da ativista sueca Greta Thunberg, que jogou holofotes para a questão ambiental.

Durante séculos, houve o uso exacerbado dos recursos naturais, além da sensação de que tudo no planeta era infinito ou renovável. Foi apenas em 1970 que houve a primeira conferência mundial sobre clima e pautas ambientais, a Conferência de Estocolmo . Porém, os alertas dos especialistas sempre foram vistos como exagerados, como se os desastres ambientais só fossem ocorrer dali a séculos.

A preocupação com o futuro climático vem se intensificando, a cada ano a data de sobrecarga da Terra, dia que marca quando a humanidade consumiu  todos os recursos naturais que o planeta é capaz de renovar ao longo de um ano, ocorre cada vez mais cedo. Esse ano, por exemplo, a data de sobrecarga da terra foi decretada no dia 29 de julho, ou seja, esgotamos o prazo mais de cinco meses antes do previsto e, operamos com déficit ecológico até o fim deste ano. Os níveis de aquecimento do planeta também assustam, principalmente quando somos alertados que a temperatura do planeta não pode esquentar nem mais um grau. 

Tudo isso tem desencadeado a eco-ansiedade, termo que inclusive já foi incluído no dicionário de Oxford como “uma preocupação provocada pelas ameaças ao meio ambiente, como poluição e mudança climática”. Conforme o estudo publicado pela The Lancet Planetary Health, 75% dos jovens veem o futuro como assustador e 56% acham que a humanidade está condenada.

eco-ansiedade
A eco-ansiedade já atinge 75% dos mais jovens (Foto: Mídia Ninja)

A psicoterapeuta Caroline Hickman, que coordenou o estudo afirma* que “a eco-ansiedade é inicialmente uma resposta emocional à ameaça de desastre ambiental, mas pode ir muito mais longe, em virtude de os jovens sentirem que serão os principais prejudicados pelo problema para cuja solução dependem de adultos nos quais não confiam. Isso afeta a maneira como lidam com os relacionamentos e com o futuro.”

Com a perspectiva de futuro ameaçada, um terço dos jovens entrevistados afirmam que hesitam em ter filhos, considerando as condições climáticas. Já entre os jovens brasileiros, esse número sobe para 48% dos entrevistados. Tendo em vista que o estudo também revela que a eco-ansiedade é maior entre os jovens que não acreditam na gestão de seus governos.

Psicólogos afirmam que, apesar da eco-ansiedade causar efeitos psicológicos, ela não deve ser encarada como uma doença. O professor de psicologia aplicada da universidade britânica de Notthingham, Charles Ogunbode, afirma* que “a solução não é tratá-la como um problema de saúde mental, mas sim deve ser abordada pelo caminho  do problema ambiental que lhe deu origem.”

*Declarações retiradas da revista MediaTalks da edição de dezembro. 

 

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