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Líder estudantil, Honestino Guimarães foi morto pelo regime militar em 1973

Honestino Guimarães – O desaparecimento do líder estudantil Honestino Guimarães em 1973 comprova como o regime de exceção matou e torturou de forma indiscriminada. Honestino, eleito presidente da UNE em 1971, sempre foi contrário a qualquer tipo de ação armada e morreu após dar entrada no temido Cenimar (Centro de Informações da Marinha) no Rio de Janeiro em 1973, com apenas 26 anos.

A história de Honestino (como muitas outras) cala de uma vez por todas o patético argumento dos muitos reacionários de hoje e de ontem de que a barbárie do regime militar foi “necessária como forma de defesa aos ataques da guerrilha”. Este parágrafo talvez fosse descartável se a sandice e a ignorância não estivessem presentes em inúmeros comentários que pululam nas redes sociais por ocasião dos 50 anos do golpe militar.

27 de março Honestino Guimarães regime militar
Honestino Guimarães desapareceu no Cenimar em 1973

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Honestino ingressou na Ação Popular (AP) com apenas 17 anos (ele nasceu em 28 de março de 1947 na pequena Itaberaí, em Goiás). Em 1965, antes de completar 18 anos, foi o primeiro colocado no vestibular, em toda a Universidade de Brasília, e começou a participar do movimento estudantil.

Suas atividades contra o regime militar como pichar muros, participar de manifestações e distribuir panfletos contra o governo o levaram quatro vezes para a cadeia: a primeira em 1966 e as outras três em 1967 (na última vez, mesmo na cadeia, foi eleito presidente do Diretório Acadêmico da UNB).

A Universidade de Brasília foi criada por um trio de grandes figuras: Darcy Ribeiro definiu as bases da Universidade, Anísio Teixeira planejou o método pedagógico e o projeto arquitetônico ficou a cargo de Oscar Niemeyer. A UNB foi fundada em 21 de abril de 1962 com a missão de ser modelo de pesquisa na ciência e inovação nas artes.

A Universidade foi invadida pela terceira vez pela polícia em agosto de 1968 —a biblioteca destruída, alunos e professores presos ou expulsos — na manifestação contra a morte do estudante secundarista Edson Luis de Lima, no Rio de Janeiro. Sessenta pessoas foram presas, entre elas, Honestino, que foi arrastado por seus corredores até a viatura por agentes da ditadura.

27 de março unb invasao
EM 1968, a UNB foi invadida pela terceira vez

Em 26 de setembro de 1968, Honestino foi desligado da universidade como punição por ter liderado movimento pela expulsão de um falso professor da UnB, informante da ditadura. No começo dos anos 70, o líder estudantil mudou-se para o Rio de Janeiro, onde vivia de forma clandestina. Segundo amigos, ele deu entrada no Cenimar entre os dias 10 e 11 de outubro de 1973 e nunca mais foi visto.

Em 20 de setembro de 2013, Honestino foi declarado anistiado político post mortem. Em cerimônia na UNB, o secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, leu o pedido de desculpas oficial do governo brasileiro.

Fontes usadas: Site Honestino e Agência Brasil.

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