Zona Curva

Norte e Nordeste voltam a ser esquecidos no faminto Brasil de Bolsonaro

 

 

Fome – A intensificação da crise econômica durante o governo Bolsonaro fez o Brasil retornar aos patamares de insegurança alimentar obtidos em 2004, ano em que o programa “Fome Zero” começou a vigorar.

A segurança alimentar apresenta níveis caóticos em todo o país e as desigualdades regionais intensificam ainda mais a situação da fome. Segundo o Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), as regiões Norte e Nordeste apresentaram queda de 40% e 30% respectivamente, na segurança alimentar das famílias, isso ocorre quando a família tem alimentos garantidos para suas refeições. Já a insegurança alimentar grave, a fome propriamente dita, cresceu 18,1% na região Norte e 13,8% no Nordeste.

Juntamente a esses números, a inflação, a crise sanitária e um governo relapso em políticas públicas contribuem para a intensificação da fome no Brasil. Jair Bolsonaro ignora os 19 milhões de brasileiros que passam por essa situação quando declara aos seus fiéis eleitores do cercadinho  que “a esquerda fala que a gente não come arma, come feijão, quando alguém invadir a tua casa, você dá tiro de feijão nele”.  

Enquanto sua gestão extingue ferramentas importantes para o combate à fome no Brasil como o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) e o Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, ela sugere a compra de armas de guerra para uma população onde cerca de 14% dos domicílios vivem com uma renda per capita de até meio salário mínimo, o equivalente a 596 reais por pessoa. 

Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas ,itens básicos para o dia a dia como o arroz e o feijão, alimento principal no prato dos brasileiros, tiveram alta de mais de 60%, até mesmo o café, que foi o carro chefe da exportação durante décadas, está mais caro.

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O desastre social provocado pelo governo Bolsonaro (Fonte: OXFAM)

A desigualdade social é um mal que assola o Brasil desde sua colonização, mas a fome e a extrema pobreza eram assuntos prioritários das políticas governamentais até o final do primeiro governo Dilma em 2014, ano em que o país deixou o Mapa da Fome da ONU. 

A ascensão da extrema direita e seu descaso com os pobres deixaram pautas importantes para o Brasil como o combate à fome e a desigualdade social em alguma gaveta perdida do Ministério da Economia, Por outro lado, houve crescimento dos bilionários no país, conforme pode ser lido no texto abaixo.

Governo Bolsonaro agrava o fosso da desigualdade

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Governo Bolsonaro coloca milhões de brasileiros na mira da fome (Fonte: Reprodução)

A disparidade regional, que vinha sendo combatida com programas como o Bolsa Família e a transposição do rio São Francisco, se intensificou desde então. O acesso restrito à água e a densidade domiciliar auxiliaram na transmissão da Covid-19 nas regiões mais carentes do país. De acordo com o relatório da Rede Penssan, o fornecimento irregular de água ou a falta de água potável atinge cerca de 40% dos domicílios da região norte. Além disso, o mesmo percentual de moradias na região conta com um cômodo per capita, o que dificulta o isolamento social.

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O trágico mapa brasileiro da fome (Fonte: Oxfam)

O desemprego também é maior nessas mesmas localidades. Na região norte, 20% dos entrevistados pelo estudo tiveram um membro do lar dispensado de suas ocupações, e cerca de 55,3% tiveram que realizar cortes em despesas essenciais. Quando olhamos para a região nordeste, os dados são mais assustadores, apesar do número de desempregados ser quase o mesmo (20,4%), 61,4% dos entrevistados pelo estudo tiveram que reduzir gastos vitais.

Em meio ao caos em que vivem milhões de brasileiros por incompetência do governo federal, coube à sociedade civil se organizar para combater a fome. O Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST) construiu 16 cozinhas solidárias em 10 estados, incluindo Alagoas, Sergipe, Ceará, Rondônia e Sergipe, com o objetivo de servir ao menos uma refeição gratuita por dia. Já o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) doou mais de 5 mil toneladas de alimento para as populações mais carentes, além de um milhão de marmitas.

Fonte: Inquérito Nacional Sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional

 

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