Zona Curva

Poema da ativista trans-travesti Patrícia Borges

Ah, sociedade, se você me desse oportunidade
Teria uma profissão
Seria doutora, advogada, até juíza
Mas quando era pra mim estar estudando

Eu estava sendo minha própria professora
Correndo atrás do pão de cada dia
13 anos de idade
Com responsabilidade de pessoa maior de idade.

Mais uma vez, essa sociedade normativa
Diz quem sou,
A todo momento me rotula.

Diz que tenho Pau de Mulher,
que muitos adoram o leite que sai dele,
mas junto sai libertinagem dessa sociedade
que me quer viva ou morta nesse sistema de clandestinidade,
fazendo manutenção da hipocrisia do mundo clandestino.

causa trans
Bandeira do movimento T (transexuais, travestis, homens trans e mulheres transexuais) na Parada do Orgulho LGBT de 2016 (Foto de Diego Padgurschi /Folhapress)

Direito do capitalismo com meu corpo,
sendo puta barata sem direito e cidadania
Que só tenho essa opção: ser marginalizada a cada instante.

Será que o problema está em quem vive à margem ou com quem faz eu ficar nela,
nessa vida, me negando oportunidade de ser alguém.
Muitas morrerão, morrem por conta de ser quem se é.

Não estão nem aí pro Padrão, que foi criando, deslegitimando e trancafiando nesse país que extermina sem saber que tudo foi negado. Estou vivendo tudo isso porque o machismo está enraizado na sociedade dos bons costumes, que não respeita opinião diferente.

Somos todos iguais ou diferentes?

Somos diferentes, mas iremos todos pro mesmo lugar
Caixão não tem gaveta pra levar o tamanho da língua
Cada sonho que vocês destroem.

Reparação desses corpos negros que vocês tentam acabar

somos fortes,
vivemos pra ver vocês pagarem com juros e correção monetária.

Vamos vivenciar a libertação dos nossos corpos políticos

O transvestiacardo

Sobreviver aos maus costumes dessa sociedade transfóbica, sociedade de bosta e racista.

BenBar com Erika Hilton

 

Pelos direitos dos refugiados e migrantes LGBTI

 

A luta contra a transfobia

 

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