Zona Curva

Comissão da verdade

“Em busca de Anselmo” e a gravidez de Soledad Barrett

Carlos Alberto Jr. consegue realizar um episódio tão bem realizado com olhos artísticos sobre a infâmia, que o episódio se destaca como um filme autônomo Agora está disponível na HBO Max a série “Em busca de Anselmo” em sua totalidade de cinco episódios. Nela, a face do cabo Anselmo como assassino pago pela ditadura brasileira é provada com imagens, palavras e documentos. Pela primeira vez, um trabalho de investigação cinematográfica e reportagem se faz sem cair no jogo ardiloso do bandido Anselmo, que sempre enganou jornalistas ao ser entrevistado. A série dirigida pelo documentarista Carlos Alberto Jr. é digna de ser conhecida por todos e todas como uma história da ditadura brasileira em imagens. E para o retrato do cabo Anselmo é inescapável a ligação com a sua companheira, a brava Soledad Barrett, que ele entregou para a morte na ditadura. Tive a honra de escrever o livro pioneiro sobre esse crime na minha novela “Soledad no Recife”, e depois, de modo mais amplo, no meu romance “A mais longa duração da juventude”, onde ela e Anselmo aparecem como pessoas com seus nomes reais, ao lado de outros como Jarbas Marques, um dos modelos de personagem para o livro. Jarbas foi um dos 6 mortos na Chacina da Granja São Bento. Na série, no quarto e quinto episódios, vemos as imagens raras do depoimento da advogada Mércia Albuquerque, imagens jamais vistas pelo grande público, no seu depoimento/denúncia na Secretaria da Justiça de Pernambuco. No quarto episódio, ao revê-la em seu papel de mulher corajosa, eu me levantei do sofá e gritei, porque era irreprimível: “Linda!!!”. Mas a sua beleza não vinha da estética do rosto. Vinha do seu heroico ato que a elevou para sempre nos corações de todos. Porque existe uma beleza que não é física, é uma qualidade moral, assim como vemos as soldadas do Exército Vermelho, assim como vemos aquele soldado maravilhoso que põe a bandeira comunista no alto do prédio nazista ao fim da guerra. Assim como é belo Cervantes, desdentado e maneta, ao construir o maior romance de todos os séculos. Linda, falei ali e repito aqui: Mércia era mais que linda, porque seus gestos e ações eram belos. Nesse último episódio de “Em busca de Anselmo”, o cineasta Carlos Alberto Jr. consegue realizar um episódio tão bem realizado com olhos artísticos sobre a infâmia, que o episódio se destaca como um filme autônomo. Nele, desde o começo desse quinto de denúncia, ficamos em choque diante de um Anselmo à vontade em um sítio, tranquilo, feliz, vaidoso como um bom filho da pura, da pura canalhice. O assassino se exibe como um bondoso homem, daquele tipo de cidadão de bem. Poderia ser dito da cena: matou a bravura de patriotas e foi ao paraíso. Mais adiante, colado a seu depoimento de voz serena, vemos ex-policiais, no enterro de Fleury, contando que Anselmo, de fato, dava cursos a eles, treinava-os, que Anselmo era um sábio da pedagogia da ditadura. Corta para o depoimento e a infâmia continua: agora, Anselmo conta que deu palestras para oficiais fascistas no Chile, como profissional, que foi bem pago! E completa com ar de galhofa: eu bem que queria mais um dinheirinho desses. Para concluir sobre as suas mentiras contra a esquerda e por seu trabalho de infiltração e entrega de militantes: “eu fiz um bom trabalho”. Como quem fala: eu fui perfeito. Mas há um outro momento no episódio que devo destacar. É quando Ñasaindy, a filha única de Soledad Barrett, é entrevistada na altura do ano de 2017. Ao responder a uma pergunta sobre a gravidez de Soledad, que Jorge Barrett (seu tio) nega, ela deixou em aberto. Ela não põe em dúvida a existência do depoimento da advogada Mércia Albuquerque. Ñasaindu até discorda de Jorge, irmão de Soledad, sem mencioná-lo, ao dizer que nem sempre o corpo da mulher grávida se modifica a ponto de outras pessoas perceberem no início. E Soledad poderia não ter contado da gravidez para Jorge. Mas a esta altura, a gravidez de Soledad Barrett não pode mais ser posta em dúvida, porque recupero inquestionáveis depoimentos a seguir. Leiam-se as palavras de Genivalda Silva, viúva de José Manoel, um dos executados pela delação do Cabo Anselmo na matança da Granja São Bento. Na Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara, ela declarou: “Poucos meses antes de matarem José Manoel. Então Soledad estava grávida e Anselmo me perguntou se eu conhecia alguém pra fazer um aborto em Soledad. Isso eu digo a vocês de coração, não estou mentindo nem levantando falso testemunho ao Anselmo. E eu falei pra ele: ‘Anselmo’, que eu nem sabia que ela era a esposa dele, eu disse ‘olhe, jamais, se eu soubesse te indicaria alguém pra fazer um aborto por que só quem tem que tirar a vida de um ser humano é Jesus, e mais ninguém. Por isso eu não lhe ensino’. E ele saiu com José Manoel, com o meu marido, com Zezinho, e a Soledad ficou dois dias comigo na minha casa. Mas ela era assim, uma pessoa muito calma, falava uma linguagem que eu não entendia quase nada, até que eu gostei da maneira dela, mas ela era assim no canto dela. Eu preparava o almoço, ela comia, eu preparava a janta, ela comia, mas era uma pessoa assim que não abria a boca pra mim pra comentar nada. Só foi uma coisa que eu perguntei pra ela assim: Você quer perder realmente seu filho? Ela balançou a cabeça, disse ‘não’, e as lágrimas desceram’ ”. Na mesma direção que confirma a gravidez de Soledad Barrett, o militante pernambucano, de nome Karl Marx, falou estas palavras na Comissão Estadual da Memória e Verdade Dom Helder Câmara: “Sempre que a gente estava conversando com o marido, o pseudomarido, pseudocompanheiro, que era o Daniel, sempre que ele estava conversando com a gente, ela estava com minha mãe e com minha cunhada lá na cozinha. E minha cunhada soube que ela estava grávida… Aí foi quando

Ministério Público de São Paulo denuncia legista Harry Shibata por ocultar assassinato da ditadura

por Fernando do Valle O Ministério Público Federal em São Paulo ofereceu na última semana nova denúncia contra o legista aposentado Harry Shibata, acusado de forjar laudo necroscópico de Helber José Gomes Goulart, da ALN, morto pelo Doi-Codi em julho de 1973. Segundo a acusação, o médico deliberadamente ignorou visíveis lesões de tortura no pescoço e na cabeça do corpo do militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), assassinado por agentes do Doi-Codi comandados por Carlos Alberto Brilhante Ustra. Em abril deste ano, o MPF de São Paulo havia denunciado Shibata por forjar outro laudo, desta vez a respeito da morte do militante político Yoshitane Fujimori em 1970. Passados quase 43 anos da ação militar que resultou na morte de Goulart, até hoje pairam dúvidas sobre o episódio. Segundo a versão do Doi-Codi, agentes daquele destacamento rondavam as imediações do Museu do Ipiranga quando encontraram a vítima em atitude suspeita. Goulart teria sacado o revólver e atirou contra os agentes, que revidaram, atingindo-o, resultando em sua morte. Romeu Tuma, chefe do Departamento do Departamento de Ordem Política e Social, anotou em requisição de exame necroscópico, ao IML que Helber foi morto às 16h de 16 de julho de 1973, mas a entrada de seu corpo no necrotério ocorreu 8h antes. Além disso, depoimentos de ex-presos políticos apontam que o militante da ALN havia sido preso antes e foi visto no Doi-Codi com a cabeça enfaixada, tendo, portanto, sido internado no Hospital Geral do Exército de São Paulo, no Cambuci. Além disso, estudos sobre o laudo necroscópico realizados a pedido da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) e pelo Ministério Público Federal, no curso do procedimento que resultou na denúncia, concluíram que Goulart foi alvejado com tiros feitos de cima para baixo em sua direção, como se ele estivesse deitado ou ajoelhado. O militante também recebeu tiros no antebraço, sinal de que tentou, em vão, se defender. O laudo solicitado pelo MPF foi produzido pelo mesmo Instituto Médico Legal de São Paulo onde Shibata trabalhou por muitos anos, como um dos legistas de confiança da repressão. Ambos os laudos apontam equimoses na cabeça e no pescoço de Goulart, visíveis em fotos do cadáver, que foram ignoradas no laudo necroscópico subscrito por Shibata e Orlando José de Bastos Brandão (já falecido). O mineiro Helber José Gomes Goulart nasceu na cidade de Mariana em 19 de setembro de 1944 e era filho de um militante comunista. Ele começou a trabalhar aos 11 anos de idade e estudou até o segundo colegial, quando mudou-se para São Paulo em busca de melhores oportunidades. Ele começou a militância política cedo, junto com o pai, no PCB. Em 1964, por conta do golpe militar, passou a ser perseguido e respondeu a processo na Auditoria Militar de Juiz de Fora. Depois de militar na Corrente, chegou à ALN e, em 1971, quando a organização começava a se desmantelar, Goulart, já clandestino, é deslocado para São Paulo, onde foi assassinado. Enterrado no Cemitério de Perus, seu corpo só foi identificado 19 anos depois, após a descoberta da vala clandestina. A procuradora da República Ana Letícia Absy, autora da denúncia, pede a condenação de Shibata pelo crime de falsificação de documento público, cuja pena é de 1 a 5 anos, com o agravante de que o crime foi praticado para ocultar crime praticado por outra pessoa e garantir a impunidade. Leia a íntegra da denúncia do Ministério Público. Com informações da Assessoria de Comunicação da Procuradoria da República no Estado de São Paulo. https://urutaurpg.com.br/siteluis/em-1970-os-tupamaros-de-mujica-contra-dan-mitrione-o-mestre-da-tortura/ Rubem Fonseca e o silêncio que não apaga o passado

A morte de Vladimir Herzog e o Brasil que não queremos

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos icônicos textos do site do Zonacurva Mídia Livre. Explore a extraordinária vida de Vladimir Herzog, ícone da luta pela justiça e liberdade no Brasil durante a ditadura militar. Neste vídeo, mergulhamos nos momentos cruciais de sua trajetória e em seu compromisso incansável com a verdade e a democracia.   por Fernando do Valle Vladimir Herzog – Noite de 24 de outubro de 1975, agentes da ditadura chegam à redação da TV Cultura com a ordem de levar o diretor de jornalismo da TV Cultura, Vladimir Herzog, para depor sobre suas ligações com o PCB – Partido Comunista Brasileiro no II Exército. Iniciou-se ali uma negociação entre os jornalistas da redação e os agentes para que Herzog se apresentasse no dia seguinte. Os policiais aceitaram o acordo e um jornalista comprometeu-se a acompanhar Herzog no outro dia até as instalações militares, esse jornalista inclusive dormiu na casa do diretor da TV Cultura. Se tivesse descumprido esse acordo e escapado na madrugada, Herzog não teria sido torturado até a morte no dia 25 de outubro de 1975, ele tinha apenas 38 anos. A brutal morte do jornalista indignou parte da sociedade civil contra o regime e tornou Herzog símbolo da liberdade de pensamento e de imprensa no país. A nomeação de Herzog como diretor do canal de televisão pública do Estado de São Paulo pelo secretário de Cultura José Mindlin foi aprovada pelos órgãos de segurança do regime militar e pelo governador Paulo Egydio antes de sua contratação. Mesmo assim, a chamada linha dura do governo militar fazia campanha com a conhecida cantilena de “infiltração esquerdista” contra a equipe liderada por Herzog através do jornalista Claudio Marques, do Shopping News, praticamente porta-voz dos setores de informação do governo. LEIA TAMBÉM “10 músicas contra a ditadura militar”  Vladimir Herzog nasceu Vlado Herzog em 27 de junho de 1937 em Osijek, hoje a quarta maior cidade da Croácia e morreu há 40 anos, em 25 de outubro de 1975. O apoio da grande mídia ao golpe de 64 O momento político da morte do jornalista foi marcado por uma disputa pelo poder entre a linha dura do exército e setores da ditadura que pretendiam estabelecer certo diálogo com a sociedade civil. Três meses depois de Herzog, em janeiro de 1976, o metalúrgico Manoel Fiel Filho também foi assassinado pelo governo e o ditador Geisel destituiu o comandante do II Exército, general Ednardo D’Ávila Mello, um dos principais líderes da chamada linha dura entre os militares. Políticos também insuflavam os militares da linha dura para a perseguição aos jornalistas da TV Cultura. O deputado da ARENA (partido do governo), José Maria Marin, que atualmente está preso na Suíça por corrupção como dirigente de futebol, pediu um aparte ao discurso do deputado do mesmo partido, Wadih Helu, futuro presidente do Corinthians, na Assembleia Legislativa de São Paulo e exigiu “providências aos órgãos competentes em relação ao que está acontecendo no canal 2 [TV Cultura…]”, que, segundo ele “sofria infiltração de elementos comunistas”. Este blog já abordou a trajetória da triste figura José Maria Marin. Episódio narrado no livro Bendito Maldito, ótima biografia de Plínio Marcos escrita por Oswaldo Mendes, mostra o nível da truculência dos militares. O diretor Ademar Guerra enfureceu um coronel ao escalar o “subversivo” Plínio como São Francisco de Assis em um teleteatro produzido na TV Cultura. Guerra relembra o tumulto naquele 24 de outubro no departamento de jornalismo da emissora: “o clima era de muito medo”. No meio desse clima de incerteza, ele lembra no livro que “alguém disse que um coronel do 2º Exército tinha telefonado à minha procura”. O diálogo de Guerra com o coronel: – Por que o senhor está fazendo a história de São Francisco? – Porque é uma história bonita, a história de um santo… – Mas é perigoso… – O que há de perigoso na história de um santo, coronel? Quer que eu mande o texto para o senhor ler? – Não quero ler nada, não.  Ademar Guerra escapou da brutalidade que vitimou Herzog. O jornalista Leandro Konder, amigo do jornalista assassinado e também detido pelos militares, não e também foi torturado. Ele relata o sofrimento de Vlado nas mãos dos torturadores do DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna): “podíamos ouvir nitidamente os gritos, primeiro do interrogador, depois, de Vladimir, e ouvimos quando o interrogador pediu que lhe trouxessem “pimentinha” [máquina de choques elétricos para tortura] e solicitou ajuda de uma equipe de torturadores. Alguém ligou o rádio e os gritos de Vladimir confundiam-se com o som do rádio. Lembro-me bem que durante essa fase, o rádio dava notícia de que Franco [ditador espanhol] havia recebido a extrema-unção, e o fato me ficou gravado, pois naquele mesmo momento Vladimir estava sendo torturado e gritava. A partir de um determinado momento, o som da voz de Vladimir se modificou, como se tivessem introduzido coisa em sua boca; sua voz ficou abafada como se lhe tivessem posto uma mordaça. Mais tarde, os ruídos cessaram” (trecho do depoimento de Leandro Konder no livro “Brasil nunca mais”).   Não satisfeitos, os agentes da ditadura forjaram a cena de um suposto suicídio de Vlado “em um surto de arrependimento”, a foto divulgada pelos órgãos de repressão ainda mostra um bilhete rasgado com “a confissão de seu envolvimento com os comunistas”. Amigos, familiares e a comunidade judaica não aceitaram a inverossímil versão do governo sobre a morte do jornalista, que era judeu, e o enterraram no centro da Sociedade Cemitério Israelita. Pela tradição dos judeus, os suicidas são enterrados em uma área específica. A imprensa alternativa teve papel importante para desmontar a versão oficial do governo. O jornalista Mylton Severiano relata no documentário Resistir é Preciso como ele, Narciso Kalili e Hamilton Almeida Filho produziram uma detalhada matéria de 8 páginas sobre o assassinato de Vlado para o jornal EX-. O título foi retirado do Hino à República: “Liberdade Liberdade abre as asas sobre nós”. A edição de 50 mil exemplares esgotou

Relatório da Comissão da Verdade pode revelar localização do corpo de Stuart Angel

A Comissão Nacional da Verdade acaba de entregar seu detalhado relatório à presidenta Dilma Rousseff. A comissão identificou 377 responsáveis por crimes durante a ditadura militar (1964/1985) após dois anos e sete meses de trabalho. Uma das muitas revelações do relatório pode ser o paradeiro do corpo do militante Stuart Angel, morto sob tortura em maio de 1971, aos 26 anos. Segundo depoimento do capitão reformado Álvaro Moreira em junho deste ano à CNV, Stuart teria sido enterrado na cabeceira da pista da Base Aérea de Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro. Em 1976, a base aérea de Santa Cruz passou por uma ampla reforma e uma ossada com o crânio quase completo foi encontrado pela empresa Cetenco, responsável pela obra. As fotos do crânio foram localizadas e enviadas para o Centro de Ciências Forenses da Universidade de Northumbria em Newcastle (Inglaterra) e o Centro de Medicina Legal da USP de Ribeirão Preto. Ambos os exames concluíram que o crânio localizado pode ser do desaparecido político. A CNV ainda busca o cemitério em que a ossada foi enterrada. Stuart integrava o MR-8 (Movimento Revolucionário Oito de Outubro) e foi barbaramente torturado por agentes do CISA (Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica) na base área do Galeão para que revelasse onde se encontrava Carlos Lamarca, dirigente do MR-8, e outros militantes, e não o fez. O militante Alex Polari, também preso na base área, testemunhou que Stuart chegou a ser amarrado com a boca no escapamento de um carro e arrastado pelo pátio do quartel. O então capitão-aviador Lúcio Valle Barroso, hoje coronel reformado, é o único dos oficiais da Aeronáutica identificados por Alex Polari entre os envolvidos nas atrocidades cometidas contra Stuart Angel que continua vivo. Barroso depôs na CNV e negou seu envolvimento na morte de Stuart e ainda que desconhecia a existência de prisão e de práticas de tortura na Base Aérea do Galeão, apesar de inúmeras acusações contra ele. A mãe de Stuart, a estilista Zuzu Angel pressionou as autoridades por notícias de seu filho, chegando a entregar uma carta ao  secretário de Estado norte-americano, Henry Kissinger, durante sua visita ao Brasil em 1976. O ex-delegado do DOPS, Cláudio Guerra acusou o coronel Freddie Perdigão Pereira de ter forjado o acidente que vitimou Zuzu em 1976. Leia matéria. Fonte usada: Comissão Nacional da Verdade

Romeu Tuma Jr. depõe no caso do sumiço de Edgar Duarte

por Thais Barreto Edgar Duarte – Na tarde de terça-feira (30/9) aconteceu mais uma sessão da Ação Penal n.º 0011580-69.2012.403.6181, movida pelo Ministério Público Federal, que apura o desaparecimento de Edgar Aquino Duarte. O militante passou pelo DOI-Codi e foi visto pela última vez no prédio do DOPS do centro de São Paulo, em junho de 1973. São réus os delegados de polícia Carlos Alberto Augusto — o “Carlinhos Metralha” — e Alcides Singillo, além do coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra. Embora arrolado anteriormente pela defesa de dois réus, Tuma Jr. prestou depoimento como testemunha do juízo, de acordo a magistrada Adriana Delboni Taricco, que também ouviu o delegado de polícia José Sanches Severo. Um documento que relata como foi a sessão realizada nos dias 27 de março, 1º e 2 de abril deste ano revela detalhes do andamento da ação penal. Alcides Singilo não compareceu à sessão do primeiro semestre. A defesa alegou que o réu estava com problemas de saúde, internado em uma UTI. Foi requisitada nova sessão, para que Singilo pudesse acompanhar os depoimentos.   O documento diz: “Dada a palavra às partes foi dito que, as defesas pediam reconsideração ao indeferimento da oitiva do sr. Romeu Tuma Júnior e das testemunhas arroladas pelo sr. Alcides Singillo ouvidas sem a presença dele”. Os depoimentos desta terça foram acompanhados pelo procurador da República Márcio Schusterschitz da Silva Araújo. O primeiro a ser ouvido foi José Sanches Severo, através de videoconferência transmitida desde Araçatuba, no interior de São Paulo, onde ele exerce cargo de delegado de polícia. O procurador da República perguntou se Severo havia exercido alguma função pública entre 1964 e 1985. A juíza federal perguntou se ele conheceu Edgar de Aquino Duarte. Para as duas indagações, o delegado respondeu que não. Disse ainda que ingressou na polícia em 1986, fora do período coberto pela investigação do desaparecimento de Edgar, objeto da ação do MPF. Severo afirmou também que não trabalhou no DOPS — o Departamento de Ordem Política e Social — de São Paulo e que conheceu Alcides Singilo apenas em 1995. No depoimento de Romeu Tuma Jr., a juíza federal Adriana Delboni Taricco disse que ele estava na sessão como “testemunha do juízo”. Outra ata a que tivemos acesso indica que Tuma Jr. também foi arrolado pela defesa do réu Carlos Alberto Augusto. “Tendo em vista que há prazo e lapso de tempo suficiente, não me oponho a oitiva de Romeu Tuma Júnior, caso a defesa de Carlos Alberto Augusto apresente endereço atualizado, visando evitar futuras nulidades”, diz o documento. Na sessão, a juíza Adriana determinou à defesa que as perguntas a Romeu Tuma Jr. cobrissem apenas o período que corresponde ao sequestro e desaparecimento de Edgar Aquino Duarte, de 1971 a 1973. Ao depor, Tuma Jr. disse que nasceu em 1960 e, naquele período, tinha entre 10 e 13 anos. Afirmou também que entrou na polícia apenas em 1978. O ex-Secretário Nacional de Justiça do governo Lula se aposentou como “delegado classe especial” da polícia paulista em 2013. O pai dele, o falecido Romeu Tuma, foi senador por São Paulo. Antes, dirigiu o DOPS paulista entre 1977 e 1982 e a Polícia Federal entre 1982 e 1985, durante os governos ditatoriais de Ernesto Geisel e João Figueiredo. “No DOPS havia sim um delegado responsável pela carceragem”, respondeu Tuma Jr., que ingressou na polícia paulista como investigador quando seu pai dirigia o DOPS. Ele afirmou também ter trabalhado, posteriormente ao período investigado, próximo a Alcides Singillo, mas em departamentos diferentes. O mesmo advogado perguntou se Tuma conhecia o ex-preso político Ivan Seixas. Resposta: “apenas de nome”. A defesa se referiu a Ivan Seixas porque ele é uma das testemunhas de acusação na ação do MPF. Seixas estava preso no DOPS e conheceu Edgar Aquino Duarte. Na sessão realizada em dezembro de 2013, o ex-preso político disse ter escutado um comentário de Edgar, que ao ver Carlinhos Metralha — apelido de Carlos Alberto Augusto –, quando este passava em frente à cela, disse: “Esse foi um dos que me prenderam”. O procurador da República, Márcio Schusterschitz da Silva Araújo, também perguntou se Tuma Jr. sabia de alguma ligação entre o DOI-Codi e o DOPS de São Paulo. Romeu Tuma Jr. disse que não saber se havia conexão formal entre o DOI-Codi e o DOPS. O Destacamento de Operações de Informações — Centro de Operações de Defesa Interna foi criado pelo Exército para o combate aos grupos que se organizaram para resistir à ditadura. Foi antecedido pela Operação Bandeirante, a OBAN, que envolveu militares e policiais civis paulistas, financiados por empresários, num esforço conjunto que resultou no sequestro, prisão, tortura e morte de dezenas de militantes. A OBAN importou técnicas de tortura que haviam sido desenvolvidas por militares dos Estados Unidos na guerra do Vietnã e por militares franceses durante a guerra de independência da Argélia. O prédio onde o DOI-Codi funcionou em São Paulo, na rua Tutoia, foi recentemente tombado pelo patrimônio público. A delegacia de polícia que funciona lá deverá dar lugar a um museu. Vários presos que foram torturados no DOI-Codi foram posteriormente transferidos para o DOPS, segundo depoimento deles. Foi o caso de Ivan Seixas, por exemplo. Com a oitiva de Tuma, resta uma testemunha importante a ser ouvida: Michel Temer, atual vice-presidente da República, ex-secretário da Segurança Públlica de São Paulo. A pedido da juíza, as respostas de Temer serão enviadas por escrito. Após o recebimento, será possível marcar a data da sessão que ouvirá os réus. Estarão presentes Carlos Alberto Augusto e Alcides Singilo. Os representantes da defesa de Carlos Alberto Brilhante Ustra pediram que o depoimento dele seja dado através de videoconferência. A expectativa é de que a sessão seja realizada até dezembro. Edgar Aquino Duarte teve sua carreira de marinheiro interrompida em 1964 por participar da revolta ocorrida no calor do golpe militar. Foi expulso da corporação e teve que se exilar – primeiro no México, depois em Cuba. Edgar voltou ao Brasil em 1968, adotou outro nome e a função de corretor na

Evento Ditadura civil-militar, o que a psicanálise tem a dizer?

Há 50 anos, o Brasil sofria o golpe militar que instituiu um regime de exceção brutal que perdurou por 21 anos. O Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo discutirá as relações entre política, memória e psicanálise no evento Ditadura civil-militar, o que a psicanálise tem a dizer? Os debates contarão com a presença de Maria Rita Kehl, psicanalista e integrante da Comissão Nacional da Verdade, o jornalista Alberto Dines, criador do site Observatório da Imprensa, a psicanalista Maria Aparecida Kfouri Aidar e muitos outros profissionais. Haverá também uma exposição com 18 desenhos do cartunista Henfil. Acesse e conheça a programação completa do evento. Em parceria com a Comissão da Anistia do Ministério da Justiça, o Instituto Sedes Sapientiae criou a Clínica do Testemunho, que atende anistiados políticos afetados direta ou indiretamente pela violência do Estado brasileiro. Saiba mais. SERVIÇO: Instituto Sedes Sapientiae (Rua Ministro Godoy, 1484, Perdizes, fone: 3866-2730), email: secretaria@sedes.org.br. Taxas de inscrição: de R$ 60 a R$ 100.   Vargas na penúltima hora  

Comissão da Verdade suspeita de plano da ditadura para matar Glauber Rocha

Acusado de difundir calúnias contra regime militar no Brasil e classificado como “um dos líderes da esquerda no cinema”, sendo o que “mais atuava na campanha contra o país, na Europa”, o cineasta Glauber Rocha foi vítima de espionagem e perseguição pela ditadura. Na última sexta (16), a Comissão Estadual da Verdade do Rio revelou documentos produzidos pelas Forças Armadas contra o diretor. A entrega do dossiê militar à família foi feita no Parque Lage, na zona sul do Rio de Janeiro, com uma série de atividades que marcaram os 50 anos do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol, completados no último dia 10. Oficialmente, Glauber morreu de septicemia, uma infecção, em 22 de agosto de 1981. Em outubro de 1976, Glauber Rocha gravou o velório de seu grande amigo, Di Cavalcanti. Assista ao curta e leia o texto. Produzidos pelo Serviço Nacional de Informação (SNI), os documentos compilam atividades do cineasta, declarações dadas aos jornais fora do país e lista artistas ligados a Glauber e que criticavam o regime militar, como, também o cineasta Luiz Carlos Barreto, apontado como “porta-voz da esquerda cinematográfica nacional”. Um dos documentos lembra que Glauber foi preso, por ter vaiado o presidente Castelo Branco, em 1965 e acusa o diretor de ter “difundido calúnias” ao denunciar a jornais ingleses torturas e perseguições no Brasil pela ditadura. O ator Othon Bastos, um dos personagens principais do filme Deus e o Diabo na Terra do Sol é mencionado no dossiê do SNI como o favorito de Glauber e citado por “conhecido envolvimento político e ideológico”. Presente ao evento na Comissão da Verdade, Bastos disse que ficou surpreso com a revelação. “São tantas pessoas famosas aqui e estou entre um deles, eu não sabia de nada”. A presidenta da Comissão Estadual da Verdade, Nadine Borges, destacou que os documentos encontrados no Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro contém marcas que expressam a intenção dos militares de eliminar Glauber. Ela se referia as palavras “morto”, em lápis, no alto do dossiê, na primeira página. “Recebemos a informação de um agente da repressão que atuou na época, que, em geral, era hábito escrever à mão um indicativo de ordem. Então, isso nos faz pensar que ele estava marcado para morrer. Por sorte, ele se exilou antes”, comentou. A presidenta cobra que o general José Antonio Nogueira Belham, que assina um dos documentos, preste depoimento para esclarecer esse e outros casos. Durante a revelação dos documentos, o cineasta Zelito Viana, parceiro de Glauber no filme o Dragão da Maldade, que venceu o Festival de Cinema de Cannes, e o Terra em Transe, que concorreu no mesmo festival poucos anos antes, lembra os tempos difíceis da ditadura. “Viver era arriscado no Brasil”, ressaltou. Ele levou Terra em Transe clandestinamente para participar do festival no França. Amigo de Glauber, Silvio Tendler destacou que a perseguição a Glauber, que se exilou em 1971, e às pessoas que contestavam o regime prejudicou o Brasil. “Aliás, prejudicou os artistas, os estudantes, os sindicalistas. A ditadura foi um preço muito alto para Nação. Sou de uma geração que desaprendeu a falar e estamos aprendendo a falar depois de velho. Antes, era tudo proibido”. Tendler lembrou também que Glauber foi um artista brilhante, mas não o único alvo da ditadura. “Eu e muito outros fomos perseguidos, como Joaquim Pedro de Andrade, que foi preso, e Olney São Paulo, barbaramente torturado”. No dossiê, estão transcritos ainda trechos de artigos de Glauber. Entre eles, uma justificativa para sua atuação, contra o regime. “O cinema não será para nós uma máscara, porque, o cinema não faz revolução – o cinema é um dos instrumentos revolucionários e para isto deve(-se) criar uma linguagem latino-americana, libertária e revelador”, disse à revista Cine Cubano, em 1971, segundo o SNI. Tribunal Regional Federal do RJ deve julgar acusados da morte de Rubens Paiva Ex-delegado Cláudio Guerra revela envolvimento de coronel da ditadura militar na morte de Zuzu Angel Decisão histórica da Justiça acata denúncia contra militares envolvidos na morte de Rubens Paiva Justiça barra ação contra militares acusados no caso Riocentro Instituto Vladimir Herzog denuncia Bolsonaro na ONU por comemorações do golpe de 64    

Ex-delegado Cláudio Guerra revela envolvimento de coronel da ditadura militar na morte de Zuzu Angel

Em depoimento prestado à Comissão Nacional da Verdade nesta quarta-feira (23 de julho), o ex-delegado do DOPS do Espírito Santo, Cláudio Guerra, afirmou que o coronel Freddie Perdigão Pereira provocou o acidente que resultou na morte da estilista Zuzu Angel, em 1976. O crime complementa o currículo de algoz a serviço do regime militar de Pereira. O coronel atuou no DOI-CODI de São Paulo e na Casa da Morte de Petrópolis e ainda coordenou o atentado no Riocentro. No ano passado, o ex-soldado do Exército Valdemar Martins de Oliveira revelou em depoimento à Comissão da Verdade do Estado de São Paulo que o coronel executou o casal João Antonio dos Santos Abi Eçab, 25 anos, e Catarina Abi Eçab, 21 anos, militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), em 1968. Infelizmente, o militar não responderá por seus crimes, ele morreu em 1998. Estilista conhecida, Zuzu Angel era mãe de Stuart Angel, membro do MR8, que lutou contra o regime militar, e foi preso em 14 de maio de 1971. Seu corpo nunca foi encontrado. Zuzu mobilizou a opinião pública nacional e estrangeira em busca de seu filho e foi vítima de um acidente na madrugada de 14 de abril de 1976, na Estrada da Gávea, no Rio de Janeiro. O regime militar sempre foi acusado de ter forjado o acidente. O delegado Cláudio Guerra foi indiciado, entre outros, pelo Ministério Público pelo envolvimento no atentado do Riocentro, infelizmente a Justiça Federal barrou ação contra os acusados. SAIBA MAIS SOBRE O CASO RIOCENTRO.  Segundo Guerra, ele e Perdigão eram confidentes e frequentavam a casa um do outro. “Um dia ele me disse que havia planejado simular o acidente dela e estava preocupado, pois achava que havia sido fotografado na cena do crime pela perícia”, afirmou o delegado no depoimento à Comissão Nacional da Verdade. Em seu depoimento, Guerra afirmou que incinerou os corpos de 12 militantes políticos e que assassinou e incinerou em seguida um tenente de nome Odilon, numa queima de arquivo determinada pelo SNI (Serviço Nacional de Informações). O ex-delegado contou também que executou três militantes em São Paulo, um em Recife e “dois ou três” no Rio. Claudio Guerra forneceu a foto para a Comissão que comprova a presença do coronel Perdigão na perícia, ele está indicado pela seta: “Se cumprisse pena por tudo o que fiz nunca iria sair da cadeia”, afirmou Cláudio Guerra. Guerra foi condenado e cumpriu pena por três tentativas de homicídio, resultantes de um atentado à bomba do qual participou nos anos 80 no Espírito Santo. Na cadeia, tornou-se pastor da Assembleia de Deus e afirma querer fazer sua parte “para que uma página triste de nossa história seja passada a limpo”. Em 2012, Guerra relatou sua história como agente da repressão a Rogério Medeiros e Marcelo Netto no livro Memórias de uma Guerra Suja. – Fonte usada: Comissão Nacional da Verdade. Documentário Pastor Cláudio escancara a violência da Ditadura Relatório da Comissão da Verdade pode revelar localização do corpo de Stuart Angel

O Brasil despertou no movimento das Diretas Já!

Diretas Já – Depois de duas décadas de arbítrios do regime militar, o movimento das Diretas Já acordou o povo brasileiro para a urgência da participação política. Entre o final de 1983 e o início de 1984, vários comícios mobilizaram o país pelas eleições diretas para presidente da República. Em 16 de abril de 1984, o comício das Diretas Já no Vale do Anhangabaú, na cidade de São Paulo, reuniu 1,5 milhão de pessoas em uma das maiores concentrações populares da História do Brasil. O comício reuniu no mesmo palanque políticos como Lula, Fernando Henrique, Brizola, Miguel Arraes, Mário Covas, Franco Montoro (governador de São Paulo à época) e muitos outros. Do meio artístico, as atrizes Eva Wilma e Fernanda Montenegro, o cantor Walter Franco e a cantora símbolo da campanha das Diretas, Fafá de Belém, marcaram presença. A adesão à campanha pelas Diretas crescia em todo o país, o que levou o presidente Figueiredo a encaminhar um projeto ao Congresso em que o governo aceitava as eleições diretas para presidente, mas somente para o pleito de 88. O país não realizava uma eleição direta para a presidência da República desde 3 de outubro de 1960, quando foi eleito Jânio Quadros. Com a promulgação pelo presidente Castelo Branco do Ato Institucional nº 2, em 27 de outubro de 1965, o presidente e vice-presidente da República passaram a ser eleitos por maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional. Em março de 1983, o deputado federal Dante de Oliveira (PMDB-MT) apresentou ao Congresso Nacional uma emenda constitucional que propunha o fim do Colégio Eleitoral e o retorno das eleições diretas para presidente e vice-presidente para as eleições previstas para 1985. No aniversário de São Paulo em 1984, no dia 25 de janeiro, uma multidão já tinha tomado a Praça da Sé em outro comício. Alinhada com a ditadura militar, a direção da Rede Globo censurou a cobertura do ato e tentou confundir os telespectadores como se a maciça presença popular na praça fosse para apenas celebrar o aniversário da cidade. O ex-vice-presidente das Organizações Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, Boni, disse em entrevista ao jornalista Roberto Dávila em 2005 que a ordem de censurar a cobertura do comício veio diretamente de Roberto Marinho, fundador da emissora. O jornalista Ricardo Kotscho, que cobriu o comício pelo Jornal Folha de São Paulo, declarou em entrevista à Revista dos Bancários em 2003 que “foi o povo que acabou fazendo a cabeça da Globo”.  Em texto Zonacurva, nosso colaborador Otávio de Carvalho lembra o Comício da Praça da Sé. A liderança do ‘ex-conservador’ Teotônio Vilela Um dos fundadores da UDN (União Democrática Nacional), partido conservador criado como opositor ao governo Getúlio Vargas, o político alagoano Teotônio Vilela tornou-se uma das figuras simbólicas da luta pela redemocratização do país. Filho de um rico proprietário rural, Vilela foi um dos idealizadores do Projeto Brasil em abril de 1978 que continha, entre várias reivindicações, a restauração do habeas corpus por crimes políticos (extinto em 1968 pelo AI-5), o pluripartidarismo (na época, apenas o MDB e a ARENA atuavam na legalidade, Teotônio foi eleito senador pelo último em 74), o fim da censura à imprensa e eleições diretas para presidente e governadores. Em 1979, ano da posse do general Figueiredo na presidência, Teotônio troca a ARENA pelo MDB. Em 82, ano em que Teotônio inicia sua luta contra um câncer, o político esteve presente ao lado de Lula nas assembleias no estádio de Vila Euclides, em São Bernardo do Campo. Chegou a presidir o PMDB em julho de 1983 e impulsionou a campanha das Diretas, até morrer no dia 27 de novembro de 1983. O jornalista e desenhista Henfil retratou Teotônio em charge que acabou batizando o movimento pela democratização de Diretas Já!: Saiba mais sobre o genial Henfil Fafá de Belém interpreta “Menestrel das Alagoas”, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant em homenagem a Teotônio Vilela: Mais Fafá de Belém: desta vez, a cantora debate com João Batista de Andrade o movimento das Diretas Já! no programa Metrópolis da TV Cultura:  Fonte usada: CPDOC-FGV. Henfil e as Diretas JÁ!  

Protesto com samba na DEScomemoração do golpe de 64

O bloco carnavalesco Cordão da Mentira irá desfilar em DEScomemoração aos 50 anos do golpe militar de 64. Com intervenções artísticas e sambas de autoria própria, o Cordão volta às ruas no dia 1º de abril (terça) a partir de 17h30 em frente ao Memorial de Resistência, no Largo General Osório, na cidade de São Paulo. O bloco realizou seu primeiro desfile em 1º de abril de 2012. O mote do desfile deste ano é “64 +50: Quando vai acabar a ditadura civil-militar?” em que o Cordão promete samba, batucada e escracho popular nas ruas do centro de São Paulo. Dentre as paradas escolhidas, a Praça da República e a rua Maria Antônia, palcos  de protestos e conflitos durante a regime militar. Assista ao vídeo-convite do Cordão da Mentira: Acesse a página do facebook do bloco. As ruas são pra lutar e quem não luta dança!