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A TV pode ter sido decisiva no fracasso do golpe bolsonarista dia 8

O golpe de estado de extrema direita previsto para o domingo dia 8 de janeiro pode ter sido abortado por algo que não estava nos cálculos dos conspiradores: o papel das redes de televisão com a transmissão ao vivo a invasão da Praça dos Três Poderes e a posterior depredação da sede do Supremo Tribunal Federal, do Congresso e do Palácio do Planalto. Tudo indica que o ataque aos três prédios públicos mais importantes do país visava criar o caos político e com isto justificar uma intervenção militar a pretexto de restabelecer a ordem. Mas o objetivo acabou frustrado quando milhões de brasileiros testemunharam ao vivo, pela TV, a irracionalidade da ação dos bolsonaristas de extrema direita, que rapidamente perderam eventuais simpatias de quem assistia tudo à distância. A participação da televisão no desfecho dos acontecimentos ainda é um tema que merece maior detalhamento para identificar se foi algo pensado politicamente ou foi fruto do entusiasmo jornalístico em testemunhar cenas que a maioria das pessoas achavam improváveis de acontecer. O fato é que a TV Globo, por exemplo, ao interromper sua programação normal no canal aberto tomou uma decisão que além de política tinha também desdobramentos comerciais, porque os espaços publicitários foram adiados por várias horas. Outra decisão crucial foi a de formar uma rede entre o canal aberto e o fechado (Globo News) para aumentar a audiência. A emissora também convocou quase todos os seus jornalistas especializados em política para incorporar-se à cobertura, contactando fontes nos diversos níveis do aparato governamental, para explicar e complementar o que estava sendo mostrado ao vivo. Simbolismos políticos A TV Globo também tomou uma decisão carregada de simbolismo político de instruir repórteres, apresentadores e comentaristas para que eles tratassem como terroristas, golpistas e vândalos os participantes da invasão da Praça dos Três Poderes em Brasília. Este é o tipo de classificação que só pode ter sido decidida nos mais altos escalões da empresa pois as redações nunca tiveram a autonomia suficiente para acrescentar adjetivos à protagonistas de eventos políticos. Outras emissoras também adotaram o mesmo enfoque dos participantes da tentativa de golpe de estado com gradações e adjetivos diferentes, como foi o caso da CNN e da Bandeirantes. As exceções foram a SBT, Record e Jovem Pan que mantiveram sua orientação bolsonarista e rotularam a depredação como um protesto e seus autores como manifestantes, seguidores do ex-presidente, derrotado nas eleições presidenciais de outubro do ano passado. Caso estudos mais aprofundados venham a comprovar esta hipótese sobre a influência da transmissão ao vivo pela TV e do posicionamento das emissoras no tratamento dos participantes do ataque a prédios públicos em Brasília, no dia 8, estaremos diante de um caso inédito em que a comunicação e o jornalismo podem ter evitado um golpe de estado usando a informação visual como arma principal. O possível papel estratégico do audiovisual sinaliza uma mudança nos comportamentos políticos uma vez que a imagem, em tempo real, apela mais às emoções do que à reflexão. Até agora a imprensa escrita tinha um papel predominante porque os principais atores políticos priorizavam a racionalidade e a lógica nas ações de grande envergadura. Já se sabia que uma imagem apela mais para o emocional do que para o racional, mais para os impactos informativos do que para a reflexão analítica. Mas o que a cobertura televisiva dos eventos de domingo, 8 de janeiro, pode estar nos mostrando é a importância de entender como imagens impactantes sobre questões complexas podem acabar gerando mudanças de percepções individuais e coletivas em tempo curtíssima, sem o recurso a reflexão analítica. As armadilhas políticas das fake news O ecossistema informativo nacional no governo Lula Resumo da ópera golpista no Brasil

Resumo da ópera golpista no Brasil

Golpe Brasil – Nunca uma ação terrorista foi tão anunciada como a que aconteceu neste domingo em Brasília. Desde há semanas, as redes bolsonaristas mostravam a organização da marcha até a capital federal com o intuito de tomar o Congresso, o STF e o Planalto. Vídeos, material de propaganda, lives, tudo circulando sem qualquer pejo. Os acampamentos em frente aos quartéis serviram como incubadoras de todo o furdúncio. Foi uma grande ingenuidade pensar que ali estavam apenas os velhos e as tias do uatizapi. Quem acompanha as redes sabe que desde o resultado das eleições, a extrema direita está organizando esse povo e preparando a estrada do golpe. Não é um movimento espontâneo. Tudo muito bem articulado e financiado. Mais de 100 ônibus chegaram à Brasília em tempo recorde. Milhares de pessoas uniformizadas com a camisa da seleção foram organizadas e conduzidas pela Polícia Militar de Brasília para a Esplanada dos Ministérios no que eles chamaram de “Greve Geral”. Apesar do pedido de reforço da segurança do Congresso e do STF, que pressentiu o perigo, o governo do Distrito Federal não mobilizou as tropas para a proteção do patrimônio público e, apesar dos bolsonaristas não serem muito numerosos, em pouco tempo, eles tomaram os três principais pontos da capital numa ação rápida e sem qualquer bloqueio. Havia pouquíssimos policiais acompanhando a caminhada e as seguranças locais não tiveram como segurar a turba que quebrou as vidraças, entrou nos locais e promoveu uma destruição insana. Gente defecou sobre as mesas, obras de arte foram danificadas e até portas foram arrancadas. A invasão durou horas, sem que o governador do DF tomasse qualquer atitude, portanto, ficou absolutamente claro que a ação foi permitida. Basta lembrar que, em outros momentos da história, com muito mais gente na Esplanada, o contingente de segurança sempre foi grande e a repressão duríssima. Desta vez, não. Os bolsonaristas chegaram a atacar policiais e jogaram dentro do espelho de água os carros da segurança do Congresso. Uma festa. Bolsonaro e o Secretário de Segurança do DF acompanharam tudo de Orlando, juntos. É importante ressaltar que não houve incompetência. Foi uma inação deliberada, preparada, planejada. Por outro lado, o governo federal também foi incompetente em não definir um plano de defesa para esse dia. Deixar na mão do inimigo foi um erro. Havia quer tido um plano B. Depois de toda a destruição feita, a polícia chegou e foi dispersando os bolsonaristas. Até agora 300 pessoas foram presas. Há informes de que os financiadores do ônibus já foram identificados, mas nenhum foi preso. Há focos de atos terroristas em frente a algumas refinarias no Paraná e em outros lugares do país há trancamento de vias, inclusive a Marginal Tietê, uma das principais vias de São Paulo, sem que a polícia tome qualquer atitude. Há também um chamamento para os caminhoneiros pararem o país. A organização segue firme e sistemática, sem que os incitadores do golpe sejam cerceados. Divulgadores de mentiras e incitadores do caos seguem transmitindo sem problemas. O ministro Alexandre de Moraes ordenou o desmonte dos acampamentos bolsonaristas em todo o país. Em Brasília, os acampados estão saindo tranquilamente com suas malas e travesseiros, dando risada e sem qualquer intimidação. Os mesmos que ontem destruíram o Congresso, o STF e o Planalto. A Polícia apenas acompanha, quando não interage de maneira simpática. Algo impensável numa manifestação de trabalhadores, por exemplo. Também o Exército, em Brasília, protege os acampados com carros blindados. Agora, no rescaldo da ação terrorista é que vai ser possível ver de que material é feito o governo eleito. Vai atuar com energia contra os terroristas? Vai atacar os peixes graúdos? Sim, porque essa turba está sendo financiada e organizada por gente grande. A mão da justiça chegará neles? O que fará com relação as Forças Armadas? Continuará deixando o caso nas mãos do STF? O que aconteceu neste domingo é um entre tantos eventos que vem se repetindo desde o golpe contra a Dilma em 2016. Como Lula vai enfrentar o núcleo desta trama que são as Forças Armadas? Este é o ponto central, como alerta o professor Nildo Ouriques. Segundo ele, há que colocar na reserva todos os generais que conspiram, à luz do dia, contra o país. Movimentos sociais e partidos de esquerda foram às ruas ontem (segunda-feira) em todo o país em defesa da democracia.   O universo paralelo do fanatismo bolsonarista   A TV pode ter sido decisiva no fracasso do golpe bolsonarista dia 8   Vamos falar de golpe?    

Quatro anos de Bolsonaro: desastre para os trabalhadores, alegria para os empresários

Governo Bolsonaro – Durante um bom tempo muita gente trabalhou com a ideia de que a criatura que hoje está na presidência do país era um bronco, incapaz de governar. Nada mais errado. Nesses quatro anos, ele colocou para andar todas as suas promessas, garantindo praticamente todas as pautas da elite dominante. Já nos primeiros dias de governo declarou guerra aos povos indígenas, disposto a entregar as terras protegidas para o latifúndio e a mineração. Não fosse a histórica capacidade de resistência e luta dos indígenas, isso já teria sido levado a cabo. Ainda assim, o preço tem sido alto para as comunidades que seguem vendo seus filhos assassinados, violentados ou desaparecidos. Além das vistas grossas diante das invasões de terras e jagunçagem contra os povos originários, o governo atuou lentamente no processo de queimadas criminosas envolvendo a Amazônia e o Pantanal. Perdem os indígenas, os ribeirinhos, os pequenos agricultores e ganha o agronegócio, que avança sobre a terra alheia sem que ninguém ponha freio. No que diz respeito à saúde, o desmonte tem sido dramático. O combate à pandemia, por exemplo, só foi dado por conta dos trabalhadores, que se desdobraram para atender a população, muitas vezes até sem os equipamentos de segurança. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 13 mil e 600 deles morreram, um dos maiores números em todo o mundo. Ainda assim, jamais receberam qualquer incentivo ou agradecimento. Os hospitais seguem tendo baixos orçamentos e não conseguem dar conta da proteção da população. Na rede básica de saúde também é igual. Diminuem as verbas e estrangulam os atendimentos. Perde a maioria da população e ganham os empresários da doença, que acabam criando uma série de alternativas de “medicina barata” para os desesperados. Telemedicina e planos de saúde de baixo valor, mas de baixa cobertura, proliferam no país que se aproxima de 700 mil mortos pela Covid-19. Na educação, muitas foram as bombas de destruição. As mudanças no ensino médio empobreceram ainda mais a já frágil qualidade que os estudantes tinham e acabaram incentivando a desistência dos alunos. No ensino fundamental,mais de 650 mil crianças deixaram a escola. A escola pública agoniza sem verbas. No que diz respeito ao ensino superior, o desastre também é grande. Com o sistemático corte de verbas, as universidades não conseguem dar conta das políticas de permanência e muitas sequer conseguem pagar as contas básicas. A pesquisa, a ciência, o estudo, tudo isso é visto com desdém e ano após ano as verbas foram escasseando. Perde a juventude, perde a ciência, perde o país. Mas, não se enganem, isso parece muito bom para as empresas estrangeiras que vendem tecnologias e abre as portas para a ampliação da rede privada de ensino superior, que, excetuando uma ou outra universidade de existência história, só consegue oferecer ensino de segunda classe. Na economia vivemos um drama sem igual se considerarmos as últimas décadas. Gasolina a sete reais, alimentos a preços altíssimos. O leite, por exemplo, passa dos sete (7!) reais o litro. A fome, que já tinha sido erradicada, voltou com força e chegamos de novo a 33 milhões de famintos. Enquanto isso, o comércio, que não aceita perder lucros, passou a vender pele de galinha, ossos, e até as caixas de papelão usadas. Uma situação que praticamente duas gerações não chegaram a conhecer. Apesar de tudo isso a população ordeiramente espera as eleição, ainda que o presidente venha se movendo no sentido de não aceitar qualquer resultado que não seja a sua vitória. Ele traçou uma estratégia de denunciar que o Supremo Tribunal Federal está com Lula, que o Tribunal Superior Eleitoral está com Lula e que todos juntos vão fraudar as eleições para o petista vencer. Insiste em espalhar mentiras sobre o sistema eleitoral e já colocou em campo os seus aliados generais. Ele já apontou que não vai parar e tem um objetivo bem claro: seguir governando. Como o Congresso Nacional foi aliado nesses quatro anos de destruição, não há de ser ali que ele encontrará resistência. Não bastasse isso sua base eleitoral se mantém entre 25 e 30% da população, com tendência a aumentar depois da jogada de mestre em garantir auxílio para os empobrecidos, caminhoneiros e até taxistas até dezembro deste ano. O cenário para os próximos meses é sombrio, com a tendência de muito aumento da violência por motivos políticos, visto que o presidente incentiva seus apoiadores a fazerem o que for preciso para barrar o PT, que ele chama de comunismo. Nada mais longe disso, mas a população tem sido sistematicamente orientada a pensar assim, seja pelas redes sociais, seja pela mídia comercial que também é aliada do presidente. A campanha não será uma campanha qualquer. Mas, por outro lado, não se observa nem os sindicatos, nem as centrais, nem os partidos progressistas (?), atuarem no sentido de enfrentar essa avalanche de mentiras e bravatas ao estilo de Donald Trump, em quem Bolsonaro se inspira. Enquanto isso, a classe dominante esfrega as mãos. Está tudo bem pra ela. Um dia na Ocupação Manoel Aleixo, em Mauá https://urutaurpg.com.br/siteluis/retrocesso-efeitos-de-quatro-anos-de-governo-bolsonaro-no-brasil/ No capitalismo, o governo é dos ricos A dura realidade brasileira  

Retrocesso: efeitos de quatro anos de governo Bolsonaro no Brasil

Em quase quatro anos de (des)governo Bolsonaro, o Brasil continua a andar para trás. De novo, a fome (33,1 milhões de pessoas), a insegurança alimentar, a inflação (há nove meses acima de 10%), o aumento dos combustíveis e da energia elétrica, o desemprego, a evasão escolar, a escalada dos juros, o endividamento progressivo das famílias (65 milhões de endividados), o retorno de doenças endêmicas. E poderíamos multiplicar os exemplos. Até a Covid dá mostras de voltar. Quem anda seguro pelas ruas do Brasil? Hoje, o PIB do país é igual ao de 2013. A produção de veículos automotores equivale à de 2006. A de eletrodomésticos retrocedeu 18 anos! Desde o golpe parlamentar que derrubou a presidenta Dilma, o PIB engatinha em torno de 1,5% ao ano. Em 2013 o seu valor real per capita foi de R$ 44 mil. Segundo o Boletim Macro do Ibre/FGV, só em 2029 – daqui a sete anos – voltaremos ao patamar de 2013! Em 2014, o Brasil comemorou sua saída do Mapa da Fome. Zerou as 9,5 milhões de pessoas (5% da população) que, diariamente, esperavam em vão um prato de comida. Hoje são 33,1 milhões de brasileiros em fome crônica (15% da população), mesmo índice de 1992. É a política da marcha à ré! O governo extinguiu o Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar) e desmontou as políticas de proteção social. Nos últimos 40 anos, nosso país avançara consideravelmente na escolarização fundamental das crianças. Agora, a evasão escolar na faixa de 5 a 9 anos é igual à de 2012. O aprendizado de matemática regrediu a 2007, enquanto o de português a 2011. Entre 2019 e 2021, o número de crianças de 6 e 7 anos que não sabem ler nem escrever aumentou 66%, passou de 1,4 milhão para 2,4 milhões. No segundo trimestre de 2021, o número de crianças e jovens, entre 6 e 14 anos, fora da escola atingiu o espantoso índice de 171% (em relação ao período anterior). Bolsonaro, como demolidor, teve êxito sobretudo ao desmatar nossas florestas, em especial a Amazônia. Nesta região, a área desmatada era, em 2012, de 4.571 km². Em 2021, abrangia 13.235 km². E as motosserras continuam decepando árvores de madeiras nobres, graças ao incentivo governamental a grileiros, garimpeiros e fazendeiros que invadem áreas indígenas e de preservação ambiental. A falta de demarcação das terras indígenas e a transformação da Funai em Funerária Nacional dos Índios abrem espaço ao ecocídio. O demolidor extinguiu o Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) e inviabilizou o Fundo Amazônia, de quase R$ 2 bilhões. Ao contrário dos 13 anos de governo do PT, quando o salário mínimo era anualmente corrigido acima da inflação, Bolsonaro corrige abaixo. Assim, o consumo das famílias retrocedeu a 2015 e a indústria, a 2009, de acordo com as Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. A troca do Bolsa Família pelo Auxílio Brasil dobrou o valor com o piso de R$ 400, mas esvaziou o Cadastro Único que mapeia as famílias necessitadas. Isso significa que 700 mil famílias que ficaram fora do Cadastro se encontram, literalmente, ao deus-dará. E os recursos para adquirir alimentos da agricultura familiar, que somavam R$ 550 milhões em 2012, agora se reduzem a míseros R$ 53 milhões. Como uma nação pode se desenvolver com tais índices? Como progredir se o crédito é mais caro, a renda familiar ficou reduzida, o mercado de trabalho está precarizado e milhões de brasileiros são empurrados para a pobretarização? Cada dia o governo derruba mais um pilar da democracia brasileira. Além de fazer a apologia das armas e ignorar a gravidade da pandemia, agora em junho decidiu extinguir a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos. Só falta ao governo revogar a lei da gravidade, enquanto cantamos a música “Caranguejo”, de Latino, Alan & Alisson: “Caranguejo é quem anda pra trás / Se não deu valor / Então vai / Vai na paz e não volta jamais.” É o recado que as urnas devem dar em outubro próximo. Comida no prato ou no tanque de combustível? Quatro anos de Bolsonaro: desastre para os trabalhadores, alegria para os empresários No capitalismo, o governo é dos ricos Querida democracia Alerta à classe média

No capitalismo, o governo é dos ricos

A lógica do sistema capitalista é sempre garantir vantagens para os mais ricos. Sempre, sempre, sempre. Essa é uma lição que já deveria ter sido aprendida pela população que sofre cotidianamente com as políticas que são impostas para garantir essa máxima. No Brasil, comemos veneno porque o governo abriu as portas para os agrotóxicos, das empresas multinacionais. Também pagamos mais caro os alimentos porque a prioridade é para o agronegócio que planta para exportar, não para gerar comida. No governo atual,  temos visto a destruição sistemática de tudo o que é público com a redução de verbas que vão estrangulando os serviços a ponto de não conseguirem mais atender a população. O motivo: garantir mais lucro para o setor privado. Nesta semana, as redes de televisão mostraram o drama das famílias que precisam de antibióticos. Antibióticos. Os mais baratos, produzidos por laboratórios públicos, estão em falta. Está quase impossível encontrar Amoxicilina nos postos de saúde e nos hospitais públicos. A mídia faz a matéria espetaculosa, mas não conta para a população o motivo disso. Não tem remédio porque o governo tem estrangulado os laboratórios públicos. Muitos fecharam. A saída então, qual é? Comprar os antibióticos das farmacêuticas famosas, que são 300, 500% mais caros. Faz-se isso ou morre. É o governo engordando a conta dos mais ricos. O governo tem também diminuído significativamente a verba para as universidades públicas e para os projetos de Ciência e Tecnologia. Ou seja, impedindo os empobrecidos de estudar e impedindo o país de garantir sua soberania diante da ciência. Com esse estrangulamento o governo enriquece as grandes empresas transnacionais que vendem tecnologia e garante o estudo apenas para a classe dominante. Assim, vai engordando o bolso dos mais ricos. Caso o empobrecido queira estudar, que se lasque para pagar uma faculdade privada, estudando à noite. No último dia 1, a Câmara dos Deputados, que também existe para defender os interesses dos mais ricos, aprovou mais uma lei que é um tapa na cara do povo brasileiro, principalmente os da classe média. O projeto, de autoria do governo Bolsonaro, entre outras aberrações, permite que os bancos tomem o imóvel, a casa, a morada, das famílias que tiverem dívidas, quaisquer dívidas que usem a casa como garantia. Até agora isso não era possível, pois havia o entendimento de que a moradia é um direito e a casa não pode ser usada para quitar dívidas. Bueno, graças a Bolsonaro e seus apoiadores, isso já era. Caso a pessoa se envolva em dívidas e tenha uma casa, ela poderá ser tirada pelo banco. Sem choro e nem vela. Ou seja, aquilo de que tanto acusam o comunismo – esse ente mítico que é usado para colocar medo nas pessoas – agora será praticado mesmo é pelas instituições financeiras, as filhas diletas do capitalismo. Os que lutam por moradia sabem bem o que é isso, quando na batalha por morar conseguem se organizar e ocupar terras para fincar seus barracos. Eles frequentemente são despejados sob a ponta do fuzil, com violência, sem piedade. Agora, até mesmo aqueles que à custa de muito esforço conseguiram comprar sua casa, poderão viver esse drama. No caso deste projeto, votaram a favor dele 260 deputados. Duzentos e sessenta, com 111 votos contrários. Ou seja, uma maioria considerável assinou embaixo de mais uma vilania contra a população, contra os trabalhadores, que são os que se endividam de verdade. Dívidas que contraem para sobreviver e não para investir como fazem os empresários. No Brasil é comum os trabalhadores se encalacrarem por conta de cartão de crédito, esta é a maior causa da inadimplência. E estas são dívidas que triplicam ou quadruplicam em poucos meses em função dos altos juros cobrados, entre 10 e 15% ao mês, conforme o banco, mas podem ser maiores. Alguns bancos chegam a alcançar a taxa de 700% ao ano. Imaginem. O cara compra uma geladeira, não consegue pagar as prestações e em um ano a dívida cresceu 700%? Ou seja, ele acaba pagando por sete geladeiras. E caso não consiga pagar, pelo acúmulo que vai gerando, agora ele poderá ser penalizado com a perda da propriedade. Não é um contrassenso? Um sistema que ancora sua existência em cima da propriedade privada, ideologicamente dizendo que ela é sagrada? Pois se a pessoa ainda não entendeu, lá vai! A propriedade privada que é sagrada no capitalismo é a propriedade do rico. Se o empobrecido, por algum motivo consegue garantir a sua, fique atento: a sua não é sagrada. Ela poderá ser tomada a qualquer momento pelos bancos, financeiras e afins. No comunismo, esse que muita gente teme, a propriedade privada não existe. Nem os ricos. Como pode então tanta gente temer esse sistema? O fato é que os governos, no sistema capitalista, governam para os ricos. Já apontou Marx: o Estado capitalista é o balcão de negócios da burguesia. E nesse Estado, também os deputados e senadores são os gerentes do negócio. No caso do Brasil, é sempre bom lembrar: Bolsonaro não é responsável sozinho por toda essa carga de destruição da vida da maioria. Ele tem o apoio e a chancela dos deputados, senadores, juízes. É por isso que tirá-lo do poder não resolve a coisa toda. Há que mudar tudo, tudo, tudo. Sacar os gerentes não destrói o negócio do dono. Atentem para isso. Em Santa Catarina, onde o projeto Bolsonaro teve mais votos, os deputados federais que representam o povo votaram SIM à proposta que toma a casa dos trabalhadores. Apenas o deputado Pedro Uczai (PT) votou não. Apenas um. Votaram a favor: Angela Amin (PP), Carlos Chiodi (MDB), Carmem Zanotto (Cidadania), Caroline de Toni (PL), Celso Maldaner (MDB), Coronel Armando (PL), Daniel Freitas (PL), Darci de Mattos (PSD), Fábio Schiochet (União). Geovânia de Sá (PSDB), Gilson Marques (Novo), Hélio Costa (PSD), Ricardo Guidi (PSD), Rodrigo Coelho (Podemos). Conheçam bem essas criaturas e tratem de colocá-las na lata do lixo da história, com luta renhida. Ou isso, ou chorem… Um dia na Ocupação Manoel Aleixo, em Mauá Perdemos

A dura realidade brasileira

Governo Bolsonaro – Estamos quase na metade do ano, o último ano do mandato do atual presidente da República, e tudo o que se vê é a consolidação da pauta proposta lá na campanha eleitoral. O mote da candidatura era “acabar com tudo isso que está aí”. E é o que tem acontecido. Uma destruição sistemática do país. Mas, não se enganem. Esta é uma destruição que atende muito bem aos interesses da classe dominante local e estrangeira. Portanto, tudo está bem. Não é sem razão que em quase quatro anos de desmando, as chamadas “instituições democráticas” tenham feito vistas grossas, quando não prestado apoio incondicional. O governo de Jair Bolsonaro, já nos primeiros dias avançou como um trator sobre as terras indígenas, que hoje conformam 13% do território nacional. Era desejo antigo dos latifundiários e mineradores se apropriarem destas reservas de riqueza e biodiversidade. Pois o governo enfraqueceu a Funai, destruiu os órgãos de proteção, de fiscalização e incentivou a grilagem e o garimpo ilegal. Demorou quase duas semanas para agir no combate aos incêndios em terras amazônicas e pantaneiras e chegou ao cúmulo de prender ativistas que lá estavam para fazer o que era dever do Estado. Também conseguiu aprovar a Lei de Licenciamento Ambiental, a qual permite que um dono de terras destrua tudo a partir de uma autodeclaração de que está protegendo o meio ambiente. No campo da economia, o governo avançou tremendamente na aprovação de pautas demandadas pelos banqueiros, empresários, industriais decadentes, fazendeiros e comerciantes. Garantiu a autonomia do Banco Central, com pouquíssima oposição, mudou a legislação trabalhista, retirou direitos dos trabalhadores, fez crescer o trabalho informal, o desemprego e colocou milhões de brasileiros de volta para a linha da pobreza e da pobreza extrema. Aumentou juros, endividou o povo, deixou que produtos básicos como o gás, por exemplo, fosse para as alturas e permitiu que a Petrobras dobrasse seus lucros à custa da desgraça do brasileiro que já paga quase oito reais pelo litro de gasolina. Conseguiu ainda a privatização da Eletrobras, a gigante de distribuição de energia, quase sem oposição. O governo também foi vitorioso na sua cruzada pelo direito ao porte de armas e abriu as porteiras dos armamentos para que seus apaniguados se armassem e iniciassem uma selvagem perseguição aos indígenas, ribeirinhos e quilombolas. Nessas áreas, a ação de jagunços e milícias criadas por fazendeiros e mineradores deitam e rolam sem pejo e sem parada. Também o chamado “cidadão comum” tem garantido sua arma pessoal a qual usa para matar mulheres ou oponentes em brigas de trânsito ou de desafetos. Incomodou? Leva tiro, e está tudo bem. Os demais – que mal tem dinheiro para garantir a comida  – olham e acham bom, afinal “é preciso se proteger da violência”. Esse é discurso vencedor. Também liberou agrotóxico a granel, fazendo com que a comida dos brasileiros siga sendo uma das mais venenosas. Esse foi também o governo que atravessou a tragédia da pandemia do novo coronavírus massacrando a população. Demorou meses para aceitar que era uma pandemia, fez graça durante todo o tempo, não usou máscara, incentivou a população a não se proteger, permitiu que morressem quase 700 mil brasileiros, demorando a entrega de respiradores, oxigênio, remédios. Atrasou a vacinação e fez todo o possível para impedir que seus apoiadores se vacinassem. Um horror sem medida. E, se não bastasse tudo isso, ainda está envolvido em casos escabrosos de tentativa de lucro sobre a vida dos brasileiros em negociatas com a compra de vacinas. Até teve uma CPI para investigar, mas acabou em pizza. Tudo isso e muito mais aconteceu praticamente sem rugosidades. No Congresso Nacional o governo garantiu maioria e foi passando quase tudo que propôs. Um número expressivo de congressistas é cúmplice desta destruição. No campo do judiciário, o governo também esteve muito bem, obrigada. Apesar de algumas jogadas de cena, esse setor muito pouco atuou no sentido de defender a vida dos brasileiros e o patrimônio da nação. Isso sem contar a farsa da chamada Operação Lava Jato que fez e aconteceu sem freios. Igualmente cúmplices. Assim foi e segue sendo o governo de Bolsonaro, garantindo as exigências da classe dominante. Tem sido extremamente competente na sua atuação, se fazendo de bobo da corte, inventando factoides, desviando a atenção da opinião pública do que é essencial, criando cortinas de fumaça. Quando algo importante está passando no Congresso lá vai ele dizer uma bobagem e nas redes sociais pipocam os memes, enquanto a vida escorre pelo ralo. Agora, na reta das eleições, os brasileiros vinculados a partidos de centro-esquerda, esquerda e os movimentos sociais, desatam uma campanha bem orquestrada para “derrotar o fascismo”. Anunciam que, neste momento, o mais relevante é tirar o Bolsonaro do governo. O resto resolve-se depois. Assim, se rebaixa a política, porque o que parece é que a grande cruzada é contra uma pessoa e não contra o sistema que ele representa. Aceitam-se as alianças mais espúrias e velhos inimigos são convidados para as trincheiras como se fosse possível mudar de uma hora para outra os “hábitos alimentares” de determinados políticos. Um desastre anunciado. É certo que arte da política é arte de negociar, mas ainda assim, deveria haver limites para essa negociação. Não é o que estamos vendo. O discurso dominante é o de que todas as forças devem ser arregimentadas para tirar o capitão do governo, mesmo que para isso seja necessário abrir mão da alfabetização política e das velhas demandas da classe trabalhadora. “Não é hora de propor uma pauta radical”. Assim, vai vencendo a proposta liberal de buscar um pouco mais de democracia, um pouco mais de distribuição de renda, um pouco mais de respeito, um pouco mais disso e daquilo. Nada de balançar estruturas. Não é hora! E se alguma voz tenta discutir isso aí, pronto… Vira alvo. E é assim que vamos caminhar até a eleição, acreditando que tudo vai dar certo e que se o cramulhão se for, a vida poderá voltar aos trilhos. É a consciência ingênua

Bolsonaro contra o Brasil

A Human Rights Watch publicou um relatório sobre os principais acontecimentos do governo Bolsonaro em 2021, entre eles, figuram a má gestão do Brasil na pandemia e os ataques aos jornalistas e à liberdade de expressão Desde o início do governo Bolsonaro, temos enfrentado diversos problemas, e o maior deles é justamente quem deveria liderar a nação e agir contra as mazelas brasileiras. Além dos absurdos recorrentes do presidente como o apoio à ditadura militar e o constante ataque às minorias, o genocídio de milhares de brasileiros pelo governo federal, que deliberadamente trabalhou a favor do coronavírus, coloca Bolsonaro e seus asseclas como réus de crime histórico. Mais do que nunca, o país precisou e precisa de um líder que lute ao lado dos brasileiros contra a pandemia, o presidente relativizou a vida de todos, inclusive de seus apoiadores. Em março de 2020, no início dos casos de Covid-19 no Brasil, Bolsonaro participou e apoiou um ato pró-governo e contra o STF, que conduz investigações contra ele, inclusive sobre interferências  em nomeações na Polícia Federal, segundo relatório da Human Rights Watch Depois do árduo ano de 2020, o relatório da ONG aponta que quando o medo e a instabilidade financeira pairaram sobre a casa de quase todos os brasileiros, surge a esperança de uma vacinação ampla, que pudesse fazer jus ao reconhecimento internacional do Brasil no quesito imunização. Mas também foi o que não aconteceu, além do país iniciar a campanha de vacinação depois de diversas outras nações do mundo, ainda foi descoberto que o presidente não respondeu a dezenas de e-mails da Pfizer, uma das principais produtoras dos imunizantes contra a Covid 19. O epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS), afirma à BBC News Brasil que 95 mil vidas poderiam ter sido salvas caso Bolsonaro tivesse respondido aos e-mails da Pfizer.  O descaso e a negligência com a vida dos brasileiros se tornou mais nítida do que nunca, e então o vírus que assolava o mundo ganhou um aliado no presidente brasileiro, situação completamente absurda. Além disso, ainda informa o relatório, Bolsonaro ameaçou pilares importantes da democracia brasileira. Atacou e tentou intimidar o Supremo Tribunal Federal, chegou a pedir o impeachment de um dos ministros do STF, Alexandre de Moraes, e alegou que não acataria as ordens do judiciário. O presidente ainda desacreditou do sistema eleitoral e acusou de forma deletéria fraudes nas urnas eletrônicas das eleições de 2018, mesmo sem nenhuma evidência, e ainda sugeriu que poderia cancelar as eleições de 2022, caso não aceitassem o que ele defendia.  A Human Rights Watch alerta também que a liberdade de expressão esteve em xeque durante 2021, quando foram iniciadas 17 investigações contra críticos ao governo, utilizando inclusive a Lei de Segurança Nacional, oriunda da ditadura militar. O relatório explica que, apesar de muitos casos terem sido arquivados, essas ações sugerem que criticar o presidente pode resultar em perseguição. Jornalistas foram igualmente atacados por Bolsonaro, segundo a ONG “Repórteres Sem Fronteiras” só no primeiro semestre de 2021 a imprensa foi ofendida 87 vezes pelo presidente. Ademais, em setembro do mesmo ano, o presidente impediu redes sociais e plataformas de excluírem postagens com informações falsas e prejudiciais. Informações retiradas do relatório da Human Rights Watch. No Brasil das maravilhas Brasil não está quebrado – é a austeridade que sufoca a economia Norte e Nordeste voltam a ser esquecidos no faminto Brasil de Bolsonaro   O rabo que abana o cão  

Tá osso!

“Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida” (Graciliano Ramos em Vidas Secas)   A fome não é um evento natural, um lance do acaso, não é incidental, alhures: a fome é um projeto de governo, uma estratégia propositada de poder, de aprofundamento das desigualdades sociais, pelas classes dominantes (empresariais, políticas, jus-midiáticas) para dominação, contenção e controle social privilegiando um sistema/modelo de uma economia agroexportadora, exploratória, offshore. É a mesma simetria do planejamento oitocentista reservado aos escravos e imigrantes pela mercantilização coagida e exploração da força de trabalho. A alimentação está diretamente relacionada à qualidade de vida, ao direito básico elementar de bem-estar de todo cidadão, como a saúde, trabalho, moradia, liberdade, segurança em caso de invalidez, velhice etc., enfim, tantos outros direitos e garantias sociais retirados do dia a dia dos trabalhadores. A ponte para o atraso – As políticas de segurança alimentar vêm sofrendo um gravíssimo desmantelamento a partir da austeridade fiscal clientelista e o descaso das políticas de combate à fome a partir da gestão de Michel Temer, que assumiu a presidência após a articulação de um golpe, intensificado pelo execrável governo Bolsonaro. Hoje cerca de 20 milhões de brasileiros passam fome e 120 milhões convivem com alguma insegurança alimentar. Segundo recente relatório da ONU para a Agricultura e Alimentação aponta que, de 2018 a 2020, mais de 23% da população brasileira tiveram “falta moderada ou severa” de alimentos. Com isso, 49,6 milhões de pessoas, incluídas as crianças, deixaram de comer por falta de dinheiro ou reduziram de forma relevante a quantidade e qualidade de alimentos ingeridos. Os cortes orçamentários na Segurança Alimentar e Nutricional do Plano Plurianual (PPA) em 2017 durante o governo Temer (em comparação com 2014) foi de 76%, valores que diminuíram de R$ 478 milhões para R$ 294 milhões. Já o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma das principais políticas públicas de fortalecimento da agricultura familiar no Brasil, sofreu uma redução de 40% no orçamento. De acordo com a Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA) o número de pessoas atendidas diminuiu de 91,7 mil para 41,3 mil, uma redução de 55% no número de famílias alcançadas. É criminosa a redução orçamentária de programas e metas do Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (PLANSAN) 2014/2018, senão vejamos:   Programas e metas, com base em dados do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA)    Ano 2014 (R$) Ano 2018(R$) Redução(%) Distribuição de alimentos para grupos populacionais tradicionais (cestas básicas) 82 milhões 27,4 milhões 67% Apoio ao desenvolvimento sustentável das comunidades quilombolas, povos               indígenas, povos e comunidades tradicionais 6 milhões 0  (zero) 100% Assistência Técnica e Extensão Rural para famílias assentadas e extrativistas (ATES) 357 milhões 19,7 milhões 94% Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) 1,3 bilhões 431 milhões 67% Programa ‘Água para Todos” (cisternas) 248,8 milhões 40,8 milhões 94% Assistência Técnica e Extensão Rural para famílias assentadas e extrativistas (ATES) 357 milhões 19,7 milhões 94%   A ponte para a tragédia  –  Em seu primeiro dia de governo, o presidente Jair Bolsonaro já demonstrava as atrocidades e violências pretendidas ao  editar a Medida Provisória 870, alterando as atribuições e a estrutura dos ministérios e dos órgãos ligados à Presidência da República. Por meio dela, a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan, Lei 11.346/2006) sofreu alterações profundas, tendo como consequência prática a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA – órgão de assessoramento com a competência institucional de apresentar proposições e exercer o controle social na formulação, execução e monitoramento das políticas de segurança alimentar e nutricional). O atual governo de ocupação militar tem seguido a mesma orientação de desmonte e entrega do Estado pela especulação, agiotagem e favorecimento do mercado financeiro rentista através de nítida configuração fascista de destruição de direitos trabalhistas e previdenciários, aniquilamento das garantias sociais, precarização das relações de trabalho, com impactos diretos na renda de famílias, onde a perversidade, a morte e o desamparo são a tônica deste nefasto governo. É uma política de Estado criminoso onde a ausência de vontade política e vagabundagem explícita levam à indexação da economia ao dólar, decorrente dos privilégios ofertados à agroexportação e ao mercado financeiro, determinando a inflação de alimentos. Com isso, milhões de brasileiros deixam de se alimentar, comprometendo, sobretudo, a vida de milhões de crianças. A insegurança alimentar atinge hoje um quarto (1/4) dos brasileiros. O Brasil ainda enfrentou no ano de 2020 o aumento de 14,09% no preço dos alimentos, 10 (dez) pontos percentuais acima da inflação no período, conforme o Índice de Preços ao Consumidor. Segundo estudos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a desvalorização do real é decorrente do fomento, dos privilégios à exportação e das indústrias de ultraprocessados, criando uma economia voltada ao mercado e ao lucro, em detrimento da geração de empregos, renda e do combate ao aumento da pobreza. Tais medidas, além de incentivarem o desmatamento e a contaminação por agrotóxicos, criam um ambiente favorável a conflitos pela terra e ataques às populações tradicionais e aos agricultores familiares. Durante a pandemia, enquanto inúmeros países seguraram os estoques de suas produções, o Brasil continuou exportando, colocando em riscos seus trabalhadores e não fazendo um estoque regulatório. Somente no período de abril/2020 a abril/2021, o preço das commodities agrícolas utilizadas na indústria de alimentos variou de 20% a 100%, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). De acordo com o levantamento, insumos como milho, soja e arroz subiram 84%, 79% e 59%, respectivamente, ao longo do período analisado. Já o trigo e o leite tiveram alta de 37%, enquanto o café 36% e o açúcar 40%. Hoje temos um governo inepto e irresponsável que extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) e não promove as reuniões da Câmara Interministerial de Segurança Alimentar (CAISAN), órgão que tem a responsabilidade de atuar na elaboração de políticas, planos e monitoramentos alimentar. A fome e o morticínio são uma política macabra de Estado criminoso, infame e

Mil noites no Brasil

Mil dias Bolsonaro – Faça o que fizer, nada vai impedir que o país sangre até o final deste mandato. Negacionismo, descaso, perversidade. O governo em tela passou por uma pandemia dizendo que era uma gripezinha. Não preparou o combate. Milhares morreram por isso. Não havia leitos, nem oxigênio, nem remédios, nem respiradores. Na Amazônia e no pantanal, a vida ardia em labaredas criminosas, abrindo caminho para o latifúndio jagunço. E quando a vacina chegou, o mandatário foi à televisão e às redes sociais dizer que não era para tomar, porque as pessoas iriam virar jacaré. Para os que queriam a vacina restou a espera e a confusão. Sem um sistema eficiente de compra e distribuição, cada estado teve que se virar como pôde. A produção de remédios, que sempre foi ponta de lança no país, vai minguando. O governo federal retirou a verba. Danem-se os doentes de doenças graves que dependem do serviço público. Não há mais produção de remédio para o câncer, por exemplo. Milhares de pessoas foram entregues à própria sorte. Que paguem aos laboratórios privados, na farmácia, se puderem. Se não puderem, bem, morrer faz parte. Testes de Covid, vacinas e remédios de toda ordem mofam nos depósitos, trazendo prejuízo de milhões aos cofres públicos. Responsabilidade de quem? De ninguém. Ou quem sabe de algum funcionário de décimo escalão. Ministro da Saúde vai à televisão dizer que não é pra vacinar adolescentes, que “estudos” dizem que não é seguro. Todas as entidades de saúde do país desmentem o ministro e os governadores decidem seguir com a vacinação. Dias depois, o mesmo ministro viaja com a comitiva presidencial para a ONU e infecta deus e o mundo, com Covid-19. Fica de quarentena em Nova Iorque, enquanto o interino aqui volta atrás e diz que pode vacinar os adolescentes sim. É um deus nos acuda, um caos sem fim. As pessoas ficam perdidas sem saber em quem acreditar. O presidente segue dizendo que não é pra vacinar, mas a primeira-dama se vacina em Nova Iorque. De certo acredita que a vacina nos EUA é mais vacina que aqui. Aqui, o Instituto Butantã continua sendo atacado e vilipendiado. É brasileiro, é público. Os preços do gás, da gasolina e da comida dispararam. A culpa de tudo foi repassada aos governadores, os vilões da hora. Tudo de ruim é coisa do governador e o que pode haver de bom, se é que há, o governo federal é o responsável. A fome volta a assombrar o país e as mortes seguem em disparada. Já vamos chegar aos 600 mil óbitos, só de Covid, sem contabilizar as demais mortes que sobram com o descaso. Muita gente não quer se vacinar, seguindo o mito, impedindo assim a imunidade coletiva. Na CPI da Covid, levada pela Câmara dos Deputados, os horrores se acumulam. Provas e mais provas da sistemática política de morte não provocam qualquer efeito. Os depoentes falam, contam os crimes e saem lépidos e soltos. Há os que nada dizem, mas as provas falam. E o depoimento da advogada dos médicos do plano de saúde (?) Prevent Senior escancara mais um trem dos horrores. Velhos sendo usados como cobaias do tratamento precoce, com remédios inúteis, sendo privados do oxigênio, para não gastar. E sem consentimento. Nas comunidades empobrecidas, a força policial segue matando gente negra. Os indígenas são assassinados à luz do sol, não há emprego, as universidades amargam cortes de orçamento e o presidente diz que “há professores demais”. Ainda assim, tudo parece seguir normal na Gotham City. Batman morreu de Covid. Ao que parece, seguiremos sangrando até 2023, quando finalmente terminar esse governo. Os partidos políticos, liberais de esquerda, apostam nas eleições de 2022, e esperam por elas, ainda que ao redor se queimem as vidas das gentes, clamando por socorro. Enquanto isso, o ministro da Economia, intocável, segue fazendo suas trapalhadas de morte, elevando as taxas de juros, com o dólar a quase seis reais e passando as pautas meninas dos olhos da classe dominante, como a reforma tributária e o fim do serviço público. Tudo com o apoio da maioria do Congresso Nacional, cujos legisladores, saltitantes, aprovam sem pejo as propostas. É inacreditável que tenham se passado mil dias, mil noites… Inacreditável que tenhamos tolerado isso. No mundo das histórias de fada, quando se fala em mil e uma noites está se querendo dizer para sempre. No Brasil, passaram-se mil noites, passarão mil e uma? https://urutaurpg.com.br/siteluis/adeus-2021-sem-saudade/ Bolsonarismo em xeque O vexame brasileiro na COP26 Mil dias de destruição e mortes

Mil dias de destruição e mortes

Desgoverno – A ridicularização do desgoverno Bolsonaro completa mil dias de trevas, resumidos em vagabundagem explícita, indolência, ausência de um plano de governo, cercado pela indigência intelectual e incompetência de espertalhões, pela corrupção de uma matilha de negacionistas evangélicos e uma súcia de militares ineptos, medíocres e aproveitadores de vantagens e privilégios. – Responsável por quase 600 mil mortes (600 mortes diárias em 1000 dias) causadas pela omissão, o descaso no combate à Covid-19 e por uma política genocida premeditada pelo contágio em massa, contrário às medidas preventivas e vacinação da população. – Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), são 555.941 focos de queimadas da vegetação natural do país (quase 556 focos diários em 1000 dias). Conforme informações do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônica (Imazon), foram desmatados 1.606 km² de floresta somente no mês de agosto de 2021 (valor 7% superior do que o registrado em agosto de 2020), equivalente a cinco vezes o tamanho de Belo Horizonte. O Instituto Nacional da Amazônia (IPAN) informou que 71% das queimadas em imóveis rurais, somente neste ano na Amazônia, ocorreram em manejo agropecuário. O desmatamento por mineração na Amazônia bateu recorde em 2021, com uma área devastada em agosto superior a todo o ano de 2020. – Segundo relatório “Conflitos no Campo do Brasil/2020”, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o número de grupos indígenas afetados por invasões quadriplicou nestes 1000 dias de governo de destruição nacional. Os registros da CPT dimensionam a gravidade do ataque contra os territórios originários, especialmente a partir de 2019. Nota-se que algumas modalidades de violência, como “invasão” e “grilagem”, sofreram exponencial crescimento.  Somente nos anos 2019/2020, o número total de famílias vítimas de invasões de terras passou de 121.267. Com relação à grilagem é igualmente superlativa, atingindo 34.526 famílias, destas 8.633 são famílias indígenas. – A Anistia Internacional relacionou 32 graves violações aos direitos humanos cometidos pelo então presidente da República desde a sua posse, no documento “1000 dias sem direitos – as violações do governo Bolsonaro” (https://anistia.org.br). Dentre as situações catalogadas está a desastrosa gestão da pandemia, os ataques à liberdade de expressão e à imprensa, discursos antidireitos humanos na ONU, violação de direitos de povos indígenas e outras comunidades tradicionais e violações de direitos humanos na Amazônia, política de segurança pública (aumento do acesso a armamentos) e ameaças ao Estado de Direito. – Bolsonaro é o presidente mais perdulário, desperdiçador e desocupado na nossa história política, batendo todos os recordes de valores gastos com o cartão corporativo. Em 1000 dias de ociosidade, viagens e esbórnia, os cofres públicos já gastaram R$ 41,7 milhões para custear as despesas palacianas (são R$ 41,7 mil gastos diariamente com cartão corporativo em 1000 dias). – Mil dias de um governo de aniquilamento do patrimônio público, com números assombrosos de mortes e miséria de brasileiros. Chegamos a 14,7 milhões de pessoas na extrema pobreza, regredimos 15 anos em 1000 dias, com a fome se alastrando pelo país. A última pesquisa que compõe o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar, da Rede Brasileira de Pesquisa e Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Pessan – https://pesquisassan.net.br/), mostra que quase 116,8 milhões de brasileiros não se alimentam com qualidade e quantidade suficientes. Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) têm alimentação insuficiente, com insegurança alimentar moderada ou grave e 19,1 milhões de famintos (9% da população) com insegurança alimentar muito grave. Além disso, são 1000 dias de desgoverno com 14,4 milhões de brasileiros desempregados, 19,1 milhões de famintos e quase 600 mil mortos por Covid-19, com uma cesta básica que subiu 34% nos últimos 12 meses, o aumento da gasolina e derivados como o gás de cozinha e uma política energética desastrosa com o risco de apagões até dezembro. Esses 1000 dias representam legado desastroso para o país, um milicianato com endosso militar bolsonarista, tornando o Brasil mais pobre, faminto e degradado, como nos desesperadores tempos de ditadura militar. Mil dias de escárnio, de pilhagem e destruição de bens públicos e direitos trabalhistas e previdenciários (com a participação de banqueiros, elites empresariais e grandes meios de comunicação). Os responsáveis por toda a dor, fome, sangue derramado e as mortes devem ser punidos!