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eleições 2014

Soci@lismo 2.0 e a história do voto no Brasil

Socialismo 2.o -Mesmo sob a necessidade de continuarmos a nos debruçar sobre o velho Karl Marx, criador da mais influente análise político-econômica que moldou as relações sociais no século XX, a Internet consolida o antigo e utópico sonho marxista do socialismo em escala global. Mas trata-se do “Socialismo 2.0”. A tese, com base no colaboracionismo instaurado na rede mundial de computadores, foi criada pelo escritor norte-americano Kevin Kelly, especialista em tecnologia. Para ele, o desenvolvimento de sites colaboracionistas, como a Wikipédia e milhares de outros, instauram uma espécie de socialismo atento ao mundo conectado e de livre acesso. Sem mais Estado ou lutas sangrentas pela tomada do poder na perspectiva de replicar regimes comunistas a partir da importação de modelos como os da ex União Soviética, da própria Rússia, China, Cuba, Vietnã ou Albânia, encontra-se na Internet a grande pátria do socialismo, vinculada à cultura e à economia em versão digital. Já a história do voto no Brasil não é nada recente. “Começa logo após Cabral desembarcar por aqui. Moradores da primeira vila fundada na colônia portuguesa – São Vicente, em São Paulo – convocados pelo donatário Martim Afonso de Souza, foram às urnas eleger o Conselho Municipal, em 23 de janeiro de 1532. Em votação indireta, o povo elegeu seis representantes que escolheriam os oficiais do conselho”. Quem conta é Antonio Carlos Olivieri, da Página 3 Pedagogia & Comunicação. Em 1821 ocorre a primeira eleição brasileira nos moldes modernos. Foram eleitos 72 deputados do Brasil para as Cortes Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa, após a Revolução Constitucionalista do Porto e a volta de dom João VI a Portugal, em 1820. Como se sabe, desde 1808, dom João governava o Império português a partir do Brasil, devido à invasão do país por Napoleão Bonaparte. À época Reino Unido a Portugal e Algarves, deixáramos a condição colonial. Desse processo resulta a proclamação de nossa Independência por dom Pedro I, em 1822. Com nova ordenação jurídica e política, novas regras eleitorais. A primeira Constituição brasileira, outorgada por Pedro I, em 1824, define as normas iniciais do nosso sistema eleitoral. Institui a Assembleia Geral, órgão máximo do Poder Legislativo, composto por duas casas: o Senado e a Câmara dos Deputados, a serem eleitos pelos súditos do Império. O voto era obrigatório, mas censitário: só homens com mais de 25 anos e sob renda determinada tinham capacidade eleitoral. Estavam excluídos da vida política as mulheres, assalariados em geral, soldados, índios e escravos. As votações ocorriam em quatro graus: cidadãos da província votavam em compromissários, que elegiam os votantes de paróquia. Estes, por sua vez, elegiam os eleitores da comarca, aos quais cabia eleger os deputados. Os senadores eram nomeados pelo imperador. Com o advento da República, a primeira votação direta para presidente somente ocorreria em Prudente de Morais, primeiro mandatário civil, chega ao poder com cerca de 270 mil votos, 2% dos brasileiros à época. O voto feminino, adotado em 1932 é exercido em 1935. Com o Estado Novo (1937-1945), as mulheres só tornam a votar a partir de 1946. A ditadura Vargas e a dos militares (1964-1985) privaram o eleitorado de eleger o chefe da nação por nove vezes. Em 125 anos de República, sob controversa exatidão (28 ou 35 presidentes?), apenas 17 foram eleitos por votação direta. Até 1987 o voto era um direito negado aos analfabetos, contingente significativo da população. Não há surpresa, portanto, no fato de presidentes eleitos com votação expressiva, como Jânio Quadros, em 1960, com seis milhões de votos, envolver meros 10% da população. Com a Constituição de 88 o eleitorado aumenta consideravelmente e já chegamos à casa dos 141 milhões. Hoje, o voto é obrigatório para todo brasileiro maior de 18 anos e facultativo a analfabetos e aos com 16 e 17 anos ou mais de 70 anos. Estão proibidos de votar os estrangeiros e os que prestam serviço militar obrigatório. Agora é hora de voltarmos às urnas.

Dilma e Aécio se enfrentam em debate centrado em MG e na paternidade do Bolsa Família

Ana Ávila (do SUL21) Os candidatos à presidência Dilma Rousseff e Aécio Neves participaram na noite desta terça-feira do primeiro debate antes do segundo turno das eleições, no dia 26 de outubro. O programa foi dividido em quatro blocos de perguntas e respostas entre os candidatos, mediadas pelo jornalista Ricardo Boechat, e um último em que cada um deles pode fazer suas considerações finais. Muito centrado em Minas Gerais, o embate teve constantes trocas de acusações e uma discussão acirrada sobre a paternidade do programa Bolsa Família, que Aécio diz ter origem no governo Fernando Henrique e Dilma defende ser fruto do investimento do PT em programas sociais, ainda no primeiro mandato de Lula. Antes das perguntas, os adversários políticos tiveram dois minutos para apresentar suas propostas para o país. Dilma foi a primeira a falar. “Fizemos o mais profundo processo de distribuição de renda das ultimas décadas. Tiramos 36 milhões de pessoas da pobreza e elevamos ‘uma Argentina’ à classe média, criamos um mercado de consumo de massa”, disse a petista, ressaltando que os maiores beneficiados foram os que mais precisavam. Dilma disse também que foram lançadas as bases para um novo ciclo de desenvolvimento, em que educação, saúde e segurança pública estarão no centro de tudo, além da igualdade de oportunidades para todos e do combate à corrupção. Aécio começou falando sobre o avanço do país nas últimas décadas, destacando a estabilidade da moeda alcançada no governo Fernando Henrique Cardoso e os avanços no governo Lula a partir de então. Segundo ele, nos últimos quatro anos, o Brasil parou de melhorar. Aécio ainda teceu críticas à economia e aos indicadores sociais e disse querer fazer um governo que olhe para o futuro, que una eficiência e decência.   Minas Gerais no centro do debate No primeiro bloco, os dois candidatos se concentraram mais em repetir que o adversário mentia e falar sobre a administração de Aécio Neves em Minas Gerais. A primeira a perguntar foi Dilma. Ela lembrou que o PSDB votou contra a CPMF, o que levou a uma perda de R$ 260 bilhões na saúde. Segundo a candidata, durante seu governo, Aécio não investiu o que manda a legislação no setor. Ela perguntou o que ele acha de suas propostas para a saúde, especialmente sobre o programa Mais Especialidades. O tucano afirmou que todas as contas de sua gestão foram aprovadas pelo Tribunal de Contas e que Minas Gerais foi reconhecido pelo Ministério da Saúde como o Estado com a melhor saúde da região Sudeste. Acusou o Governo Federal de vir diminuindo o investimento no setor e aproveitou para criticar a adversária por supostamente não ter tratado o tema como deveria nos últimos quatro anos. Segundo ele, a campanha de Dilma parece de oposição. A adversária aproveitou para dizer que Aécio, por sua vez, parece da situação, já que propõe continuar projetos do atual governo. A candidata reforçou que Minas foi obrigado a assinar compromisso de ajuste por desvios na saúde no governo Aécio e citou o mau desempenho do Samu no Estado governado pelo tucano, e afirmou que os dados apontados por Dilma não são verdadeiros. O tucano parte para o ataque dizendo que o programa Saúde da Família foi abandonado pelo PT elencando críticas, como ao valor recebido pelos médicos cubanos que atuam no Brasil. Na sua vez de perguntar, Aécio disse que a campanha da adversária tem sido marcada por ataques, ofensas e mentiras – contra Eduardo Campos, Marina Silva e ele próprio. Diz que Dilma o acusa de planejar privatizar bancos e acabar com o Bolsa Família e que ela cita indicadores mentirosos. “A senhora não se arrepende de ataques tão violentos e cruéis?”, questiona. Dilma diz que ele distorce fatos. Cita o caso do Bolsa Família, que atende 50 milhões de pessoas, enquanto o projeto do PSDB atendia 5 milhões e reforça que o adversário pretende reduzir o papel dos bancos públicos, hoje envolvidos em programas sociais. O tucano rebate dizendo que o maior programa de distribuição de renda da história do país foi o Plano Real e não o Bolsa Família. Inflação, Educação e Corrupção No segundo bloco, os candidatos partiram para acusações mais amplas. Começando com economia, Aécio mencionou a frase do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, que sugeriu trocar a carne por ovos devido à alta nos preços para perguntar se esta será a política econômica de Dilma. A petista defendeu que seu governo manteve a inflação dentro dos limites da meta e que as poucas alterações ocorridas são fruto do choque de oferta, lembrando que, no último governo do PSDB, por duas vezes a inflação superou o limite da meta. Segundo Aécio, o índice caiu significativamente no governo tucano. Ele ainda cobrou humildade da adversária para “admitir fracassos”. Dilma criticou também Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central e apontado por Aécio como seu futuro ministro da Fazenda. Segundo ela, foi durante a gestão do economista à frente do BC que a inflação cresceu. Pouco depois, Aécio retoma o assunto se dizendo impressionado com “a obsessão de Dilma por Armínio Fraga” e cita elogios de Antonio Palocci e Lula ao economista. “A senhora tem apenas o seu ex-futuro ministro que já não tinha muita credibilidade, apesar de merecer meu respeito”, disse em referência a Guido Mantega. A atual presidente aponta então investimentos de sua gestão em educação e questiona o adversário a respeito do Pronatec, programa que, de acordo com ela, passou o número de escolas técnicas de 11, no governo FHC, para 208, atualmente. Aécio volta a citar seu governo em Minas como exemplo no setor. Sobre o Pronatec, diz que ele precisa ser aperfeiçoado, com cursos de maior duração e afirma que o projeto buscou inspiração em outros de sua autoria e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Me orgulho de ter inspirado seu governo”, disse sorridente. Para Dilma, os programas referidos por Aécio são pequenos e pilotos, bastante diferentes do atual programa federal, com 8 milhões de matriculados.