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millor fernandes flip 2014

Ei, Millôr, tem outro por aí falando que inventou o frescobol

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual. ASSISTA:   Entre as várias proezas realizadas pelo multihomem Millôr Fernandes e confirmadas com firma reconhecida em cartório, em uma, como o inventor do frescobol, ele deve dividir (ou entregar) os louros para a concorrência. O escritor e cartunista sempre se jactou de ter inventado o esporte nas praias cariocas, mas o empresário Lian Pontes de Carvalho também (?) é considerado o pai desse esporte genuinamente brasileiro. O adversário de Millôr nessa disputa ao estilo Santos Dumont x Irmão Wright era frequentador da Praia de Copacabana e dono de uma fábrica de móveis de piscina, pranchas e esquadrias de madeira, na Rodovia Presidente Dutra e, em 1945 ou 1946, confeccionou a pedido de um amigo as primeiras raquetes para a prática do tênis de lazer jogado na praia, prática diversa do Beach Tennis, jogado de forma competitiva e inventado na Itália nos anos 60. Millôr exaltava o frescobol como “o único esporte em que ninguém ganha”. Na noite de abertura da FLIP (Festa Literária de Paraty), na quarta, o amigo Jaguar provocou Millôr e falou que ele saiu com essa porque não tolerava perder. Hoje o frescobol conta com federações em alguns estados e as apresentações podem ser feitas em dupla ou em trio e como não existem adversários, um atleta busca explorar os pontos fortes do outro, ao contrário dos outros esportes. PIF-PAF tentou curar a ressaca do golpe de 64

PIF-PAF tentou curar a ressaca do golpe de 64

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual. ASSISTA:     Em 1964, um mês e meio depois do golpe militar, nascia o PIF-PAF, o pequeno jornal criado por Millôr Fernandes que mostrou novos caminhos para o jornalismo combativo e independente que foi feito mais tarde (e sempre). Charges, tiradas demolidoras, textos de diversos estilos e tamanhos, muitas mulheres (e políticos) de biquíni, embalados por um humor cáustico, foram as armas usadas para a certeira crítica política e comportamental da época. Os leitores aprovaram e já no primeiro número, ele vendeu 40 mil exemplares. Infelizmente, PIF-PAF durou apenas 4 meses e 8 edições. Apesar da boa aceitação dos leitores, a publicação foi fechada por um misto de perseguições políticas e má administração. O jornal PIF-PAF nasceu de uma seção fixa da revista O Cruzeiro, uma das revistas mais lidas da história da imprensa brasileira, que chegou a vender mais de 700 mil exemplares em 1954 no suicido de Getúlio Vargas. Na época, o Brasil tinha cerca de 45 milhões de habitantes. Millôr começou a trabalhar por lá como contínuo com apenas 15 anos, em 1938. Mais tarde, passou a escrever na seção da revista com o codinome de Emmanuel Vão Gôgo e dividia o espaço com Péricles Maranhão, criador do personagem Amigo da Onça, e outros como Borjalo, Ziraldo e Fortuna. Depois de perder o emprego na revista O Cruzeiro por pressões da Igreja Católica por produzir o trabalho satírico A verdadeira história do Paraíso, o humorista e jornalista Millôr conseguiu um empréstimo junto ao banqueiro José Luís de Magalhães Lins, do Banco Nacional, para fundar o PIF-PAF. A trupe do jornal contava com cartunistas como Jaguar, Ziraldo, Claudius, Fortuna e textos de Sérgio Porto, Rubem Braga, Antônio Maria, além de outros colaboradores. O argentino nascido na Áustria, Eugênio Hirsch, foi o responsável pelas inovações gráficas. Millôr explica como funcionava a folha salarial da redação: “ninguém ganhava nada, tudo era sem fins lucrativos”. O jornalista Bernardo Kucinski, em seu livro Jornalistas e revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa, explica que essa “precariedade se tornaria marca registrada da imprensa alternativa. Os humoristas entregavam suas colaborações, mas não trabalhavam na revista. Millôr Fernandes, com a experiência de O Cruzeiro, produzia tudo”. 20 frases de Millôr Fernandes O texto da página relata que “Carlota se excedeu nas críticas à ocupante do cargo, apesar de anteriormente tanto tê-la ajudado na posse… Miss Castelinho agrediu-a na presença de inúmeras testemunhas”. Na foto a seguir, os políticos tomam um drinque já “que as brigas entre amigas antigas e verdadeiras não duram muito”. [Carlos Lacerda e o governador mineiro, Magalhães Pinto, forneceram forte apoio ao golpe militar] Millôr explica a perseguição sofrida pelo poder: “o PIF-PAF Paf  foi fechado por um conluio entre o governo federal e o governo estadual aqui [no antigo estado da Guanabara], que naquela época era o Carlos Lacerda…. não tive forças para lutar, eles começaram a apreender um número, depois devolveram o número, depois o oitavo número eles apreenderam todo e eu não tinha mais dinheiro para fazer”. O jornal deixou uma dívida de 21 mil cruzeiros para Millôr, que a quitou após dois anos.   “Não tenho procurado outra coisa senão ser livre. Livre das pressões terríveis da vida econômica, das pressões terríveis dos conflitos humanos, livre para o exercício total da vida física e mental. Livre das ideias feitas e mastigadas, tenho como Shaw [Bernard], uma insopitável desconfiança de qualquer idéia que já venha sendo proclamada por mais de dez anos…” MILLÔR FERNANDES

20 frases de Millôr Fernandes

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual. ASSISTA:     Entre as centenas de frases de Millôr Fernandes, o Zonacurva teve a dura missão de selecionar apenas 20, aí vão: “Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos & molhados”. “Divagar e sempre”. “Brasil, país do faturo”. “O pessimista é um sujeito que acerta duas vezes: quando acerta e quando erra”. “O mercado financeiro está acima da alma humana”. “Ser pobre não é crime, mas ajuda a chegar lá”. “Os comunistas são contra o lucro. Nós somos apenas contra os prejuízos” (princípios do primeiro número do Pif Paf). “Proudhon dizia que toda propriedade é um roubo. A elite brasileira acha que todo roubo é sua propriedade”. “Se Deus me der força e saúde, hei de provar que ele não existe”. “Só considerarei gênio artístico o pintor que consegue copiar um quadro de Pollock”. “O difícil, quando forem comuns as viagens interplanetárias, será a gente descobrir o planeta em que foram parar as bagagens”. Conheça outro frasista impagável, o Barão de Itararé. “Quem bebe pra esquecer deve ficar realizado no dia em que já não lembra mais pra que é que bebe”. “O brasileiro é cheio de cordialidade e bom coração. Quando você encontrar por aí um cafajeste roubando e matando pode perguntar imediatamente “Who are you?”, porque se trata certamente de um gringo”. “Depois de passar meia hora lendo os epitáfios de um cemitério, o marciano perguntou pro outro: “E onde será que eles enterram os canalhas?” “Coerente é o sujeito que nunca teve outra ideia.” “O dinheiro não traz felicidade. Mas leva”. “O economista é um ficcionista que venceu na vida”. “Todos os países são difíceis de governar. Só o Brasil é impossível”. “Herança é o que os descendentes recebem quando o cara não teve a sabedoria de gastar tudo antes de morrer”. “A história torna o homem incrédulo, a poesia indefeso, a matemática, frio, a filosofia, soberbo, a moral, chato. O homem não tem jeito nem saída”. PIF-PAF tentou curar a ressaca do golpe de 64  

Millôr explica a diferença entre democracia e ditadura

Bem-vindo ao Fatos da Zona, onde adaptamos os textos mais acessados do site do Zonacurva Mídia Livre para o audiovisual. ASSISTA:     “A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que acha do seu país, ele responde sem hesitação: “não posso me queixar”.” Há dois anos, em 27 de março de 2012, o escritor, jornalista e o faz tudo e mais um pouco Millôr Fernandes morreu no Rio de Janeiro. Neste ano, Millôr será o escritor homenageado pela FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), que acontecerá entre 30 de julho e 3 de agosto. PIF-PAF tentou curar a ressaca do golpe de 64