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A crise e a Covid

Até agora a pandemia tem feito muito bem aos ricos do país. Enquanto mais de 14 milhões de brasileiros caíram no desemprego e 40 milhões seguiram aos trancos e barrancos na informalidade, os 42 CPFs mais ricos do Brasil aumentaram sua riqueza em 180 bilhões de reais. Isso deixa bem claro porque os endinheirados não se importam quando a economia entre em crise. Porque o que aparece como crise para a maioria apenas serve para aumentar o conteúdo dos seus cofres. Essa é a natureza da crise: o momento em que o capital acumula mais. Então, cada vez que ouvires que o país está em crise, que a economia está em crise, atente: essa crise é só para os trabalhadores e para os pequenos empresários. A crise significa que o capital vai sugar ainda mais dos trabalhadores para não permitir que o 1% dos mais ricos percam seus lucros. Ou seja, não existe esse lance de “estamos todos no mesmo barco, vamos fazer sacrifícios”. Isso é conversa para enganar incautos. Não estamos no mesmo barco, sequer no mesmo mar. No mundo, a relação crise x aumento da riqueza de poucos também é a mesma. No primeiro ano da pandemia, as 32 empresas mais rentáveis do planeta lucraram 109 bilhões de dólares a mais – eu disse a mais – do que a média dos quatro anos anteriores. Foi uma festa. E as 100 empresas campeãs do mercado de ações acrescentaram mais de três trilhões de dólares – eu disse trilhões – ao seu valor de mercado desde o início da pandemia (em março de 2020). Enquanto isso, o trabalhador informal que vende bala na esquina perdeu seu ganha-pão e ainda viu parte de sua família morrer de Covid. O dono do barzinho da esquina também teve de fechar e as pequenas lojas faliram. Só os grandes sobrevivem na crise. Nada lhes toca. A mídia comercial, para jogar pontos de fumaça nos olhos das gentes, enche as telas com notícias sobre como uma empresária de Quixeramobim conseguiu aumentar em 3% as vendas pelo uso da internet, como outra “inovou” fazendo promoções on line trabalhando o triplo do normal, como uma comunidade se diverte cozinhando num fogão à lenha porque não tem dinheiro para comprar gás e como uma família conseguiu sobreviver vendendo pastel depois de todo mundo perder o emprego. A miséria causada pela dita crise e pelo enriquecimento de poucos é romantizada ao máximo para evitar que as pessoas se revoltem. Não bastasse isso, a crise sanitária no país só se aprofunda. Passamos dos 400 mil mortos pela Covid-19, mortes essas que poderiam ser evitadas se tivéssemos um governo que se importasse com a população. Durante todo esse tempo, as autoridades federais tripudiaram da pandemia, não incentivaram o uso da máscara nem o distanciamento social. Também não adquiriram as vacinas e seguem tratando o problema como se fosse uma “gripezinha”. Os hospitais lutam bravamente sem insumos, sem remédios, sem equipamentos de proteção. Mais de mil profissionais da saúde morreram em função da Covid-19. Os prognósticos dos pesquisadores são de que maio e junho sejam meses de novos aumentos nas mortes . No ritmo que vai a vacinação não há expectativa de imunização da maioria antes do ano de 2022. São tempos sombrios e sem reação. No Paraguai e na Colômbia, a população realizou grandes mobilizações exigindo ação por parte dos governos no combate à pandemia, mas, no Brasil, seguimos assistindo pela televisão o macabro desfile dos caixões. Enquanto a vida da maioria se desintegra, o presidente, gerente do capital local, ri na televisão, comemorando o “cancelamentos de CPFs” e o sistema capitalista segue seu caminho de acumulação de riqueza para uma pequeníssima parcela da população mundial. https://urutaurpg.com.br/siteluis/pandemia-negacionista/ Os muitos dilemas da imprensa no governo Bolsonaro  

O plano é assaltar o Estado

Pandemia Bolsonaro – O Brasil segue a passos largos no processo de contaminação pelo coronavírus, vivendo um de seus piores momentos desde julho, ultrapassando a marca dos 300 mil contaminados em uma semana. Enquanto isso, Bolsonaro desinforma sobre a vacinação, faz piadinhas, inaugura exposição de suas próprias roupas e vai pescar. Tudo isso diante uma população completamente apática. Os gritos só aparecem nas redes sociais e em um ou outro meio de comunicação como o jornalão Folha de São Paulo que escreveu no seu editorial que “a estupidez assassina do presidente passou de todos os limites”. Mas, o fato é que o presidente passa dos limites a cada semana e isso só faz aumentar o índice do seu limite porque, ao que parece, nunca é suficiente. Só para falar da pandemia é preciso lembrar que o país foi deixado a sua própria sorte, sem um plano nacional de combate ao vírus, com os governadores e prefeitos tendo de agir cada um por conta própria. A única coisa articulada em nível nacional ao longo desses meses da peste tem sido a ação dos empresários para que nada feche e a roda do capital siga girando. Tem funcionado e é o que mantém o país com altas taxas de contaminação. Agora, quando o mundo já inicia o processo de vacinação, com pelo menos quatro propostas de vacina, o Brasil, de novo, viverá a guerra da politicagem. O presidente diz que vai coordenar o processo de vacinação, mas não faz absolutamente nada. O Ministro da Saúde diz que vai ter um plano “caso houver demanda”. É o horror. Ao mesmo tempo, quando alguns governadores anunciam planos de compra de vacina e de vacinação, o governo federal ameaça com retaliações. Uma situação que em qualquer outro lugar do mundo colocaria a população nas ruas em protestos massivos. Aqui não. Os jornais divulgam números de aprovação ao governo que chegam aos 37% e uma taxa de 22% dos brasileiros que afirmam que não vão se vacinar em hipótese alguma, porque a vacina é um plano comunista para se apoderar do cérebro das pessoas. E assim, apesar de termos laboratórios de extrema qualidade, como o Butantã, e um dos melhores processos de vacinação do mundo, a tendência é caminharmos para o desmonte do sistema de saúde e de tudo aquilo que se construiu com muita luta. Mas, engana-se quem pensa que essa é uma nave desgovernada. Não é. O timoneiro sabe muito bem para onde está levando o país. Inclusive ele anunciou isso com todas as letras durante sua campanha eleitoral. Quem depositou o voto na urna sabia muito bem que a proposta era o desmanche e a destruição de “tudo isso que tá aí”. Logo, não há surpresas. O capitão do mato entrega o país para a mão privada estrangeira e nacional e, por conta disso, vai engordando sua conta bancária para – quando não for mais necessário – sair de cena, muito bem remunerado. Junto com ele atua um Congresso Nacional muito bem orquestrado e alinhado à essa política de destruição. É a nacionalização do conhecido bordão do velho comunicador Silvio Santos “tudo por dinheiro”. Então, quando forem dizer que não há um plano de vacinação nem qualquer plano para o país, pensem bem. Há um plano sim. O plano é assaltar o estado no mais curto tempo. Pegar o que der. Enquanto isso, as Centrais sindicais estão mortas, a maioria dos sindicatos também. Mesmo aqueles que representam os trabalhadores que jamais tiveram a opção de ficar em casa. Não há movimento entre os comerciários nem nos trabalhadores da indústria. Só há medo. Medo de perder o emprego. Medo de morrer. Medo. É o caldo perfeito para que o assalto ao estado aconteça sem maiores tremores. O plano, portanto, segue, com competência, enquanto a morte nos espreita. É tempo de ocupar as ruas. Ou isso, ou o matadouro. https://urutaurpg.com.br/siteluis/reflexoes-sobre-a-quarentena-do-brasileiro/