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Clemente: o movimento punk nunca há de morrer

Com colaboração de Isabela Gama Clemente – O CONVERSA AO VIVO ZONA CURVA recebeu, no dia 25 de novembro, Clemente Nascimento, vocalista da banda Inocentes e vocalista/guitarrista da Plebe Rude. Em entrevista ao editor Zonacurva Fernando do Valle e editor do Vishows Luis Lopes, o músico afirmou que a morte de jovens negros da periferia faz parte da política pública de extermínio realizada pelo Estado brasileiro. Ele relembrou as mortes ocorridas em um mangue em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, provocadas por ação policial em vingança à morte de um sargento de polícia. Segundo moradores da região, havia marcas de torturas nos corpos que foram encontrados, já a Polícia Militar se justifica, como de costume, que todos eram envolvidos com o tráfico de drogas. Clemente afirma que tinha um “x” nas costas por ser negro e punk. “O show das bandas punk acabava quando a polícia chegava” afirma com humor e sua inconfundível gargalhada. Clemente conta que o movimento punk começou na periferia como forma de ir na contramão do rock tradicional, mas o estilo começou na raça e cresceu pela solidariedade entre as bandas. Ele conta que, ao contrário da maioria dos punks da época que foram se politizando e alargando sua formação cultural aos poucos, ele havia lido autores como George Orwell e Albert Camus. Segundo ele, foi quando o movimento punk chegou no meio universitário e na classe média que ganhou uma veia mais ideológica. Clemente explica que as bandas com integrantes de nível universitário tinham acesso a melhores equipamentos musicais e conheciam, por exemplo, em teoria o anarquismo, parte do ideário punk. Clemente relembra que o rock foi a trilha sonora para o Brasil dos anos 80 que vivia a reabertura política após 21 anos de ditadura militar. A popularidade do rock foi caindo após isso, mas Clemente não se mostrou saudosista, e diz compreender que atualmente os jovens não tenham o mesmo interesse como tempos atrás, o rap, por exemplo, é o gênero musical mais ouvido pelos jovens atualmente, e muitas de suas letras carregam tom crítico e de denúncia sobre a sociedade, assim como parte do rock fazia e ainda faz. Para ele, um dos motivos para o rock ter se mantido na bolha dos fãs mais velhos é a falta de lugares e oportunidades para que novas bandas possam se apresentar. Ele cita as rádios de rock como a 89 FM e a antiga MTV como canais importantes para a divulgação de novas bandas. Atualmente, Clemente apresenta o programa Filhos da Pátria na Kiss FM.  O beat William Burroughs e o rock Essa falta de divulgação da mídia atual faz com que Clemente e outros artistas sejam quase que inteiramente responsáveis pela divulgação de seus trabalhos, ele conta que muitas vezes é abordado como se sua banda Os Inocentes estivesse em um hiato ou acabado de vez, quando na verdade a banda continua na ativa desde os anos 80. Em comemoração ao aniversário de 40 anos dos Inocentes, completados este ano, a banda realizará um show no Studio SP, em 17 de dezembro.  60 anos e o rock’n’roll fica sex Jovem cantora Maluk Yeey produz músicas autorais baseadas em experiências pessoais Jão e os 40 anos do Ratos de Porão    

O movimento punk nunca há de morrer

Com edição nervosa, o documentário Botinada, a origem do punk no Brasil, com direção da ex-cara roqueira da MTV, Gastão Moreira, relembra as histórias e tretas do punk no final dos anos 70 e início dos 80 O início já surpreende. Abrem-se as cortinas com frase de Chico Buarque (isso mesmo!), o ícone da MPB soltou na época: “se o punk é o lixo, a miséria e a violência, então não precisamos importá-lo da Europa, pois já somos a vanguarda do punk em todo o mundo”. Para quem acompanhou a cena roqueira no início dos anos 80, vai lembrar de figuras como Wander Wildner (Os Replicantes), Redson (Cólera) e Mao (Garotos Podres), que relatam os primórdios do movimento punk tupiniquim. No meio da fauna punqueira, o depoimento de uma mãe de punk é impagável: “eu achava meio ridículo, ele passava a noite colocando tachas nas roupas, saindo com aquele cabelão arrepiado, muita gente achando bonito, tirando as minhas razões, será que eu que estou errada”, mãe é mãe. Algumas discussões estão presentes no documentário: se a origem do punk brasileiro foi em São Paulo ou Brasília, os ‘verdadeiros’ punks moravam no ABC ou na capital paulista,  a violência atrapalhou o movimento. Enquanto isso, Clemente só gargalha. Figura essencial do punk brazuca, o líder do Inocentes rememora: “se o punk não tivesse sido inventado em Nova Iorque, teríamos inventado aqui” e mais uma vez cai na gargalhada. Em quatro anos de pesquisa, Gastão realizou 77 entrevistas e lançou Botinada em 2006 (disponível no Youtube) . O ex-VJ Gastão Moreira atualmente participa do Programa H, no canal Glitz (canal 95 da NET) e durante cinco anos comandou o programa de rock Gasômetro na rádio Atlântida, no sul do país. O confronto da atitude punk com a sociedade da época fica escancarada no relato da invasão punk do Gallery, boate da alta classe na época. Proprietário do Gallery, José Victor Oliva, inventou o show das bandas Verminose e Inocentes na casa e quis barrar a entrada dos punks. A saia justa fez Oliva liberar a entrada de 40 punks. A falta de sintonia entre plateia habitué, punks e as bandas mostram o abismo que separava os dois mundos e é narrada por Kid Vinil, jornalista e ex-vocalista do Magazine. A força do documentário consiste em mostrar como a energia e a juventude de uma geração escreveu uma das páginas mais interessantes e engraçadas (com mais uma gargalhada de Clemente) da história do rock brasileiro. https://urutaurpg.com.br/siteluis/clemente-o-movimento-punk-nunca-ha-de-morrer/   60 anos e o rock’n’roll fica sex Leandro Franco aposta em rock e charges para resistir contra o governo O desabafo de um paulistano